Na terça recebi uma notícia que muito me entristeceu. Uma casa de 103 anos foi demolida em São Gonçalo. Poderia não ser nada de mais não fosse um fato relevante: a casa de paredes rosadas, destruída para dar lugar a uma loja de ferragens foi o berço da Umbanda, religião 100% brasileira. Aqui cai a questão da fé. Independente do credo, o prédio tem um valor histórico e cultural. O prédio era um bem nacional que deveria ter sido preservado pela população e pela prefeitura. Quando foi anunciada a demolição, não havia mais tempo hábil para tombamento. A única saída seria um decreto da prefeita Aparecida Panisset, interrompendo a obra para, então, poder-se iniciar o processo de tombamento do imóvel. A casa veio abaixo e a Excelentíssima prefeita disse que nada poderia fazer. Da parte da imprensa, o único veículo no qual li algo sobre o caso foi no jornal “Extra”, que anunciou a possibilidade da demolição e a destruição do imóvel. Uma cena triste de se ver.
Bruno Gonzales/ EXTRA
E lá se foi por terra mais um pedaço da história do Brasil. História essa que em São Gonçalo não é conservada e difundida. De acordo com o Inepac (Instituto Estadual do Patrimônio Cultural), a Fazenda do Engenho Novo é o único bem construído pelo homem tombado na cidade. São Gonçalo não é uma cidade turística e com esse tratamento dedicado ao patrimônio público, talvez nunca venha a ser. É uma pena para os moradores da cidade que perdem em renda e visibilidade. E uma pena a toda uma legião de brasileiros que tem sua história transformada em escombros pela incapacidade de se por em prática uma palavra simples: PRESERVAÇÃO.
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