segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Conversa Fiada

“Mas não sou mais tão criança a ponto de saber tudo”


A maturidade, para mim, chegou agora.

Não veio à galope, mas sim numa marcha lenta, meio cansada, assim quase parando. Mas veio. Chegou e está aqui comigo, abancada à escrivaninha, me levando a enxergar certas coisas e a fechar os olhos para outras. A rever alguns conceitos, repensar a vida.

Ela me conta que no caminho para cá encontrou alguns problemas que seguiam viagem para um mesmo destino e resolveu vir com eles. Por isso nossa longa conversa, em partes dolorosa, em outras triste apenas, mas sempre séria e altamente necessária.

A mudança mais marcante que já posso perceber com sua chegada é o fim da idolatria ao homem que me trouxe ao mundo. Meu pai sempre foi, para mim, a pessoa mais inteligente, mais vivida, mais forte e centrada que já havia conhecido “na vida” – como gostava de acrescentar para meus amigos sempre que falava dele com orgulho.

Certamente ele agrega todas essas qualidades, mas algo aconteceu que me fez mudar a forma de ver as coisas. Esse algo, um tal “transtorno maníaco-depressivo” ou seja lá qual for seu nome, porém, trouxe consigo o brilho de uma flor que desabrochou depois de vinte e cinco anos vivendo à sombra de um homem maior apenas em estatura. E esse brilho agora ofusca aquele que, um dia, foi dono de toda minha admiração.

Minha mãe e eu tivemos momentos difíceis, afinal de contas, quem nunca passou pela puberdade que atire a primeira pedra. É clássica e inevitável a fase da negação a qualquer verbo, substantivo, pronome, adjetivo ou advérbio que venha de nossas progenitoras. Foi durante essa fase que aprendi definitivamente que os antônimos, estes sim, são palavras de sentidos opostos e que os sinônimos servem para ser usados com qualquer pessoa que não seja a mamãe.

Apesar de sempre amá-la – mais do que palavras podem explicar – nunca havia sido capaz de perceber em seus atos a verdadeira magnitude da força, da coragem, da inteligência e da bondade da mulher que, com tamanho orgulho, chamo de mãe.

Da noite para o dia, ela teve que assumir os negócios do meu pai, que insistiam em seguir caminho ladeira abaixo, e o fez com enorme bravura. Sem negligenciar, nem por um segundo, casa, filhos, trabalho e cachorros (não necessariamente nessa ordem de importância).

São dois cachorros e quatro filhos – ou seriam seis filhos (?) – dos quais ela cuida e com os quais se preocupa com a mesma dedicação e com o mesmo carinho. Uma casa nova e linda que deveria dar-lhe a alegria de um sonho há muito sonhado e enfim realizado, não fossem os problemas que a maturidade, minha amiga, trouxe de carona – e aos quais insiste em referir-se como “ensinamentos”. E um trabalho que não a completa profissionalmente, mas que paga pelas roupas que visto, pelo bom colégio dos meus irmãos e pelo almoço em família no domingo passado.

Agora, enfim, percebo, com a ajuda da minha mais nova e inseparável amiga, o tesouro que é minha mãe. Sinto como se ela deixasse de ser o botãozinho escondido atrás do grande homem que sempre vi – e, apesar de tudo, sempre verei – em meu pai, para florescer na mais linda rosa, com o mais doce perfume. Mas que, apesar de tamanha doçura, possui os espinhos necessários, na medida certa para impedir que qualquer lagarta chegue às suas pétalas.

Mas o tempo urge e eu preciso aprender em uma noite o que não aprendi em vinte anos e minha amiga segue numa verborragia desumana e começa a falar-me agora de outra coisa que trouxe consigo: o futuro.

Incerto, nebuloso e cheio de atitude, exigindo decisões, ações, atividade! Investir; carreira; cursos; pós; CR; estágio... O futuro grita palavras soltas que me bofeteiam e se alojam na minha cabeça com um eco enlouquecedor.

Percebendo minha desorientação, por hora, ele se cala. Mas deixa as marcas do que já foi dito. A maturidade me diz para ter calma, ponderar tudo e me dar um pouco de tempo. Este último, seu pai, sabe melhor do que nenhum outro como acalmar corações e mentes aflitas. E é o próprio tempo quem lhe pede agora que me dixe um pouco só com meus pensamentos. Chegou a vez dele fazer sua (p)arte.



--> Música da semana: Quase sem querer - Zélia Duncan

sábado, 29 de agosto de 2009

Autistando

A coluna "Desresbunda" não será publicada mais esse sábado. Para não deixar o espaço vazio me meti a besta e escrevi um conto. Espero que gostem.

E desejou, de repente, que tudo não passasse de um sonho.
No céu não havia mais estrelas, na praia não havia mais mar. Tudo que via diante de seus olhos pareciam apenas fragmentos do todo que já fora um dia. Estava sozinha e o travesseiro ao lado começava a perder o cheiro. À noite, sentia mais frio que o de costume. O corpo quente que repousava a seu lado não estava mais lá.
Onde havia errado? Ou acertado demais?
Não existia resposta. Não estava mais lá quem poderia responder. Fora-se levando todo pedaço de memória, todo cheiro, toda roupa dos cantos da casa. E junto levou a música, o riso, o chão... E o que não levara não tinha a mesma forma. A comida perdera o sabor, a água o frescor.
Como havia sido boba. Achando que tudo seria para sempre. Não prestava atenção nas melodias. “O pra sempre, sempre acaba” tocava no som. Pegou uma escova e começou a se pentear. Alisava os cabelos, acariciando-os. Alisava o corpo para espalhar o hidratante, amaciando-o. Escolheu a melhor roupa, subiu no salto alto. O cabelo preso no topo da cabeça.
Acendeu um cigarro rezando para que o relógio adiantasse o ritmo. 23h10. Apagou o cigarro. Pegou o batom vermelho. Desenhou os lábios deixando-os voluptuosos. Olhou-se no espelho. Vermelho caia bem com poucas pessoas. Era, definitivamente, uma delas. Ajeitou a sombra nos olhos, delineou os cílios.
A mágoa começava a escorrer diante da imagem que via no espelho. Era uma mulher bela. Merecia o mundo e o amor de qualquer homem que quisesse. E tinha o amor de muitos. De quem pudesse pagar pela sua “presença”.
Acendeu um cigarro. Deu uma última olhada no espelho. 00h. Pegou uma pequena bolsa e partiu para o trabalho. Parou na primeira esquina vazia. Acendeu outro cigarro. Pensou que precisava parar de fumar. Pensou em jogar o cigarro fora. Pensou que aquela não era a melhor hora.
Parou um carro a seu lado. Perguntou qual era o preço. Ela respondeu. Entrou no carro. 00h30. Desceu do carro e voltou para a esquina. A noite tinha começado bem. Serviço pouco.
00h45. Parou um carro a seu lado. Perguntou qual era o preço. Ela respondeu. Entrou no carro. Um rapaz bonito, um bom terno, um belo carro. Dinheiro na carteira. Convidou-o para seu apartamento. A noite prometia terminar bem. Deliciou-se nos lábios, no cheiro. Terminou. Fez um café. Fumaram dois cigarros. Conversaram. Deitaram. Deliciou-se nos lábios, no cheiro.
Ele levantou sem acordá-la. Vestiu o terno de marca. Penteou o cabelo. Calçou o sapato. Deixou o dinheiro na cabeceira. Saiu.
Ela acordou. E desejou, de repente, que tudo não passasse de um sonho. Estava sozinha e o travesseiro ao lado começava a perder o cheiro. À noite, sentia mais frio que o de costume. O corpo quente que repousava a seu lado não estava mais lá.
Pegou uma escova e começou a se pentear. Alisava os cabelos, acariciando-os. Alisava o corpo para espalhar o hidratante, amaciando-o. Escolheu uma roupa qualquer e uma sandália rasteira. O cabelo solto emoldurando o rosto.
Acendeu um cigarro rezando para que o relógio adiantasse o ritmo. 10h. Saiu de casa. Pegou um ônibus. Desceu oito pontos depois. Entrou em um prédio arrumado. Em uma sala limpa. Sentou esperando. Entrou e se ajeitou no divã. E soltou as frustrações. 11h. Saiu da sala. Acendeu um cigarro. Concluiu. Puta, bela, carente. Pelo menos até o próximo cliente.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Prorrogação

Tudo em função de ganhar dinheiro? Palavras do “Felipão”. O treinador em entrevista para o site da FIFA falou sobre as mudanças no futebol ao redor do mundo e lembrou que hoje em dia tudo se resume a dinheiro. E ainda disse que os jogadores se preocupavam mais com a própria imagem, bem diferente de hoje em dia que trocar constantemente de time se tornou normal. Ele não falou nenhuma novidade, nós já estamos cansados, carecas de saber disso. O Corinthians é um ótimo exemplo. Depois de ser campeão do Regional e da Copa do Brasil, o elenco do Coringão está se desfazendo a tal ponto que “desapontou” o Presidente Lula. É um vai e vem, um vem e vai de jogador, se você não prestar atenção o craque do seu time já foi e você nem viu...e o Felipão está no Uzbequistão para dirigir o Bunyodkor por que mesmo??? Desafio profissional!!! Serà???

O todo poderoso da série B. O Vasco enfrentou o Brasiliense, nesta terça-feira e venceu por 1x0. O time cruzmaltino está com tudo, é líder da competição e já soma sete rodadas sem perder. E nesta sexta-feira o Gigante da Colina, “talvez” sem Carlos Alberto, enfrenta o time do Ceará, às 21h, no Maracanã.

Copa Sul-Americana: ontem foi dia de Fla x Flu. O “Clássico das Multidões”, não tem empolgado muito não. Num Maracanã, praticamente, vazio o Flamengo empatou com o Fluminense em 1x1. O time Tricolor saiu na frente com gol "duvidoso" de pënalti do atacante Roni e eliminou a Rubro-Negro da Copa.

Passando o serviço...como me precipitei ao dar o serviço do Vasco...anota aí os próximos jogos da série A do Brasileirão: no sábado o Flamengo pega o Santo André, às 18:30h e no domingo o Fluminense enfrenta o Santos, às 16h e o Botafogo joga contra o Grëmio, às 18:30.

Copa América de basquete...a seleção brasileira penou mas conseguiu vencer a República Dominicana nesta quarta-feira. O Brasil venceu por 81 a 68.

O Grande Prêmio da Bélgica de fórmula 1 vai acontecer neste domingo. Será que é sonhar demais com mais uma vitória do Rubinho? Ou o comunicado de última hora do “Casseta e Planeta” é coerente “Rubinho Barrichello perde os freios e chaga na frente”. Uahuahuha


Galera atè quinta que vem...e que o Rubinho perca os freios novamente, não a mola!!!

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Falando Sério

O malfadado trote universitário ou “a caloura da UFF que quase foi currada pelos delinqüentes travestidos de alunos”

O que aconteceu ninguém sabe, mas todo mundo acredita e especula. Na falta do que falar, a mídia inteira caiu em cima. Foi SBT, Record, Globo, CBN, TV Brasil... Não se ouvia e nem se falava em outra coisa além do malfadado trote universitário realizado na Faculdade de Direito da UFF. Já se culparam os pais, os reitores, os alunos e até o papa. Afinal, alguma coisa precisa ser feita em nome da moral e dos bons costumes – leia-se proibir todo e qualquer trote.
Os fatos são: uma aluna ingressante no curso de Direito da UFF denunciou ter sofrido assédio sexual por parte dos veteranos. Segundo a versão dada pela imprensa, as feias teriam sido separadas das bonitas. As belas foram levadas para uma sala e coagidas a beijarem os veteranos ou praticarem sexo oral nos mesmos. Quem se recusava levava ovo e farinha na cabeça. É oito o número de rapazes acusados do fato.
A especulação é: é tudo verdade. Mas, espera aí. Segundo a constituição não é todo mundo inocente até que se prove o contrário? Nessa história a população já taxou como os culpados os malvados veteranos que abusaram do poder para abusar das indefesas calouras. Sei que o momento não exige ironia. A acusação é séria e precisa ser apurada com todo o rigor. Mas até o momento não passa de acusação. E só.
Da mesma forma que a caloura denunciou, diversos outros calouros e alunos dizem que não foi bem assim. Quem fala a verdade? Cabe a UFF, como, aliás, foi feito, abrir a sindicância para apurar e punir os culpados – se houverem. Já que não há uma denúncia nas autoridades policiais, o máximo de rigor encontrado será a expulsão dos alunos. Entendo o medo da estudante em denunciar, mas para quem não quer exposição ter uma nota divulgada em uma coluna de jornal... Valeria mais ir a delegacia.
Agora, demoniza-se todo e qualquer trote. Na opinião dos leitores os alunos são taxados de criminosos, afinal, obrigar os alunos a recolherem R$250 é crime de extorsão. Como aluno da UFF e veterano de Jornalismo afirmo: nem todos os cursos agem iguais. É uma questão, não de proibir, mas de conscientizar os veteranos que o trote é um momento de recepção e entrosamento. Pintar, é tal qual em muitas tribos brasileiras, um rito de passagem. Pedir dinheiro na rua não é pedir esmola. É arrecadar para uma coisa que será feita para eles: a chopada. O marco inicial da vida acadêmica.
Talvez o modelo de trote utilizado esteja ultrapassado e a única saída será o trote cultural. Mas sou muito mais a favor de uma mescla. Que os calouros sejam pintados, mas levem o comprovante de doação de sangue ou um quilo de alimento para ser doado. Casos de violência, como o citado no início do post, não podem ser tidos como totalidade. Agora eu pergunto: qual veículo da imprensa foi cobrir alunos doando sangue? Ou então os estudantes que por uma manhã brincaram com alunos das escolas públicas?
Infelizmente a mídia gosta de barulho. E o trote continuará em pauta – de maneira errada – até que a policia invada algum morro ou outro deputado mande uma Vossa Excelência qualquer para aquele lugar.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Arteculando

Caros amigos, ontem assisti um filme que não vejo desde seu lançamento 'A Maquina – O amor é o combustível'.
Nossa, que filme fabuloso. Um dos melhores filmes nacionais que já vi, olha que é difícil eu gostar de um filme brasileiro (salvo algumas várias exceções), porem, esse é digno de críticas e indicações.
Antônio, morador de Nordestina – Pernambuco nasceu abençoado pelo tempo e pelo que tudo indica tem o poder de controlá-lo, é apaixonado por Carina que tem como sonho sair de Nordestina e conhecer o Mundo... Muita coisa acontece, Antônio vai para São Paulo é entrevistado por um programa de televisão onde Antônio desafia todo o mundo que irá para o futuro “pra verificar o prazo de validade desse mundo que eu vou dar de presente a Carina” e que construirá uma máquina "munida de 700 lâminas giratórias" que caso ele não consiga, irá "talhar o meu peito e desgraçar ele todinho, e esgarçar mais um pouquinho, até ficar aparecendo tudo que tem lá dentro".
O que acontece com Antônio? Vejam o filme, vale a pena.
Filme no melhor estilo 'nordestino' com o maravilhoso e consagrado Paulo Autran. Final surpreendente e emocionante.


"Lá donde Antônio vem é longe que só a gota. Longe que só a gota no tempo, que é muito mais longe que só a gota do que longe que só a gota no espaço. Porque, vir de longe no espaço é lonjura besta, que qualquer bicho falado derrota. Agora vir de longe, no tempo, é lonjura cabulosa. Lonjura, que prá ficar desimpossível, demora. Lá no tempo de Antônio, o mundo já tinha virado uma doidice. Mas prá se entender direitinho a história da doidice desse tempo, há de se começar do começo, bilhões de anos atrás, quando o mundo foi criado. Tudo era uma seca só, num tinha terra, num tinha céu, num tinha bicho, num tinha gente, num tinha nada. Era só o breu. Aí, Deus foi ficando meio enjoado e decidiu criar o mundo. E pensou assim: 'Vê que besteira minha, por que é que há de ficar tudo sem nada, se eu posso inventar o que eu quiser?' E saiu inventando! Primeiro Deus inventou o tempo, que era prá ter tempo de inventar o resto. Em seguida inventou o céu, que era pra ter onde morar. E como o céu tem que ficar em cima de alguma coisa, Deus inventou a Terra prá botar por debaixo. E aí Deus pensou: 'A Terra vai ficar assim, só com o céu em cima e sem ficar com nada por baixo não é?' E aí ele pegou o inferno e botou debaixo da Terra. No começo, a terra só servia prá isso: prá ficar embaixo do céu e em cima do inferno. Foi então que Deus disse: 'Oxente, já que tem a Terra, eu tenho que botar gente pra morar lá' E foi assim que ele criou a vida! E no que ele criou a vida já criou a morte junto pois tudo que é vivo morre. 'Danosse!' Deus pensou na hora. 'Se todo ser vivo tem nariz, boca, orelha e olho, tem que ter uma serventia pra isso tudo!' Os olhos e o nariz já tinha as dele: os olhos eram prá olharem pro céu, e o nariz prá pessoa respirar enquanto viva, prá parar de respirar, prá poder morrer em paz. Mas carecia arranjar uma utilidade prá boca e prás orelha. E não foi por isso que Deus fez o verbo? Verbo era como Deus chamava as palavra. E Deus haja inventar palavra. 'Montanha, rio, riacho, elefante, jumento, capim, abacate, saputi, laranja cravo.' Mas, como prá cada palavra tinha que ter uma coisa, Deus teve que inventar um monte de coisa, pra ficar uma coisa pra cada palavra. Abacate, saputi, laranja-cravo, capim, elefante, jumento, montanha, rio, riacho. E os homem acharam pouco, e se botaram a inventar mais coisa ainda! Ihh... prego, parafuso, munguzá, picolé... Desde o começo do mundo até o tempo de Antônio, muita palavra se inventou, muita coisa aconteceu, muito tempo teve que passar até chegar o dia do tempo dele. Mas o tempo de Antônio, assim conhecido desse jeito, o tempo de Antônio, como foi chamado esse tempo, o tempo de Antônio começou no dia em que Antônio veio ao mundo".
Trecho do filme A Máquina - O amor é o combustível (2006 - 95min).

Espero que tenham gostado, bjs e téterça.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Conversa Fiada

"Da janela lateral do quarto de dormir"

Da janela do quarto vejo o brilho da lua por detrás das nuvens carregadas no céu. Chuvas de verão são tão gostosas. Ótimas para lavar a alma, mas me dão medo. Sempre tive medo de chuvas fortes.
Desvio o olhar e vejo uma estrela. Um pontinho insignificante no céu, brilhando incessantemente. Um brilho fraco, estranho, meio bruxuleante. Porém, um brilho eterno.

Eternidade.

Aos poucos as nuvens vão se movendo. Assumem formas indescritíveis e a lua continua escondida, permitindo-me apenas saber de sua existência pelas bordas das nuvens densas, que estão claras, como se jorrassem raios de luz ao invés de gotas de chuva.
Mas, apesar de serem invencíveis até mesmo para a lua, as nuvens negras não se colocam no caminho da pequenina estrela: um grão dourado de areia no infinito mar azul escuro que é o céu desta noite quente e linda de verão.
Seria covardia se essas gigantes cobrissem o brilho deste ponto milimétrico. Diferentemente da lua, a estrela não seria capaz de anunciar sua existência a despeito das nuvens. Mas ela continuaria lá, com seu brilho fraco, estranho e meio bruxuleante.

Eternidade.

Até que, um dia, se apague. (10/01/2009)



--> Música da semana: Paisagem da janela - Beto Guedes

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Calabresa Neles!

A Britney apareceu num programa de Tv falando o que faria se ela fosse presidente dos EUA. Ela disse que só invadiria lugares interessantes e que faria uma boate na Lua.
Britney estava de biquíni falando 10 coisas importantíssimas que mudaria no mundo.
Ela ainda fez o jabá do perfume dizendo que ia fazer Osama sair do esconderijo seduzido pelo irresistível "Circus Fantasy". Fantasia no circo!
Quem é a palhaça?
Os absurdos na política dos EUA não são incomuns
Robert Burck, um dos candidatos a prefeito de NY é conhecido como Cowboy Pelado! Isso porque ele anda pela Times Square usando botas, um chapéu de cowboy e uma cueca. Mesmo debaixo de neve! Ele vive do dinheiro que ganha por posar com turistas.
No lema da Campanha ele diz que se veste como palhaço, mas se porta como homem. E não é como os outros políticos que se vestem como homens e se portam como palhaços.
"Podem apostar que eu trarei a mesma verdade nua que uso em tudo o que faço", afirmou o cowboy.
Outro exemplo engraçado na política vem da Austrália.
Com o slogan “Nós levamos sexo a sério”, o recém-criado Partido do Sexo quer apimentar o Senado de lá. A candidata do partido é uma estilista, funcionária de uma rede de “empresas de diversão adulta”. O partido surgiu depois que o governo tentou bloquear 10 mil sites com conteúdo pornográfico, não só para crianças, mas para adultos também. O partido espera diminuir a presença conservadora e discutir coisas reais e ignoradas, como a indústria do sexo. Mais de 2 mil membros aderiram nos últimos meses.
Imagina as festas de campanha!?
Saímos da parte de campanha e vamos para as leis.
Saímos também da parte engraçada dos absurdos e vamos, ainda evitando a pizza do senado brasileiro, para a parte triste.
No Afeganistão uma lei foi reestabelecida. Ela permite, entre outras coisas, que o marido negue comida à esposa caso ela não satisfaça as “obrigações” do casamento. Ou seja, sexo. Estupro legalizado! Imagina se a moda pega?
Bom, aproveito o espaço para lembra que nenhuma dessas atrocidades está tão longe assim de nós.
Em primeiro lugar, a lei brasileira inclui o sexo como obrigação no casamento, passível de processo se não for cumprida.
É sério!
E nem preciso falar a quantidade de palhaços que se candidatam, e muitas (oh! Muitas!) vezes se elegem na respeitada política brasileira.
Nesse momento me vem à mente todos os atos secretos que foram legitimados com a santidade inquestionável e ininvestigável do senhor presidente Sarney, e todos que conseguiram manter o cargo graças a isso.
Vossas excelências que me perdoem! A troca de gentilezas, cargos públicos, votos e absolvições já passou do limite faz tempo! Me pergunto se essas pessoas cheias de bizarrices poderiam fazer tão mal ao país quanto esses de terno e gravata que ocupam o Senado, isso quando aparecem lá.
Pensando bem... eu gostaria de ir numa boate na Lua...

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Prorrogação

Não sei por onde começar. Se existe um começo vamos por ele. certo?! Primeiramente falarei de coisas felizes do esporte brasileiro como: a espetracular vitória da seleçao brasileira de volei. Apesar do nervosismo da Fabi, as meninas do Brasil venceram a seleção da China por três sets a zero e seguem lider da competição com 4 pontos.
Como não posso deixar de falar de futebol...vamos as decepções. O que já era ruim, a cada rodada piora mais, se isso for possível...Ontem, o Botafogo perdeu para o Santo André por 2x1 dentro do Engenhão e agora ocupa a 17º colocação do campeonato. Para ser mais clara, o time da Estrela Solitária está na ZONA DE REBAIXAMENTO, resolveu fazer companhia ao Fluminense que também jogou ontem, e perdeu para o todo poderoso Sao Paulo, no Morumbi. o Tricolor ocupa a vice lanterna. Com a derrota de ontem o Fluminense soma 11 partidas sem vitória. Bom, não dá para ficar feliz com os times cariocas, não adianta mudar de técnico, dizer que "daqui pra frente, tudo vai ser diferente", porque não vai! Tem é que mudar toda organização, dirigente, aquela cabeçada toda que toma conta dos clubes cariocas. Pois, só assim eu vejo uma luz no fim do túnel.
Tudo bem... vou passar o serviço... hoje, o Flamengo enfrenta o Cruzeiro,às 21h e no sábado pela segundona o Vasco pega o Ipatinga, às 16h.
O Mundial de Berlim tá com tudo! Depois do escandalo envolvendo os 5 atletas brasileiros, agora há uma suspeita de que uma atleta sul-africana,Caster Semenya, seja homem. A atleta ganhou medalha de ouro nos 800 metros, e além disso fez o melhor tempo do ano, ficando 2 segundos à frente da segunda colocada. O que gerou suspeitas. Mas, orgulho ou não dos sul-africanos, para Caster Semenya, nem tudo são flores, a atleta foi submetida a exames e caso seja comprovado que a moça realmente é homem poderá ficar sem a medalha. Seu técnico diz ser impossível que isso aconteça, pois segundo ele, ela é mulher...nos resta pensar que ela é mulher macho sim senhor?!Será?
Mudando de assunto: neste fim de semana acontece o Grande Premio da Europa. O iraliano, Luca Badoer, vai substituir brasileiro Felipe Massa. Ele foi escolhido para correr no lugar de Felipe após o heptacampeão Michael Schumacher desistir por causa de problemas no pescoço. Aauhuhauha
Ah, e também tem Na estrada com Galvao Bueno e Felipe Massa...Aaaahhhhh

Bom, foi isso galera até quinta que vem...e até lá já saberemos se a(o) atleta é homem ou mulher!!!

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Falando Sério

E pronto!
Decidi que hoje não falarei sério. Afinal, com tanta sujeira que se lê todo dia nos jornais, que se vê na TV Senado... Quase coloco minha sobrinha para assistir quando ela está sonolenta, pois tudo parece mais estória para boi dormir. Mas, devido aos últimos bate-bocas fico meio inseguro de que ela cresça “obrando e andando” para as coisas. Ou então falando que nasceu com o saco roxo ou mandando uma amiguinha para aquele lugar. Dá medo só de pensar.
Mas, chega de falar nisso. Hoje eu decidi que vou brincar um pouco. Mudar de assunto, sair da rotina, variar, tirar a cara sisuda e rir um pouco da vida. Tentar olhar as coisas por outro ângulo e garantir um melhor aproveitamento da vida.
Putaquelamerda! Diria Roberto Carlos Ramos, aquele contador de histórias do filme “O contador de Histórias”. Aliás, uma boa dica de cinema, mas como essa não é minha área fica só um alerta.
E o Flamengo? Prefiro nem comentar. Não entendo nada de futebol, mas pelo pouco que sei de matemática, garanto que quatro é muito maior que um. O resto não falo porque não sei mesmo. E talvez nem queira saber.
Eu quero.. Bem, o que eu quero hoje é.. É.. Será que sei? Talvez só escrever e preencher algumas linhas enquanto uma música toca ao fundo e alguém olha pela janela buscando algo que não encontra na sala. Talvez o mundo esteja mudado? Ou talvez seja eu?
Há muito não me olhava no espelho, me via em retratos ou olhava mesmo para dentro de mim. Vejo alguém muito diferente de alguns anos atrás. Primeiro pela clara evolução da minha barriga que cresce uma curva de PG. Outra pela queda acentuada dos cabelos. E talvez por um pretenso mau gosto para me vestir.
Mas o que mais me incomodou foi olhar para dentro. Ver alguém muito diferente do que eu queria ser. Alguém sem aquela força para correr atrás, sempre na frente dos bois. Ver alguém sendo arrastado pela maré e deixando alguns pedaços de si pelo caminho. Alguém que o futuro mais longe que consegue enxergar é o três minutos antes do fim do comercial.
Às vezes uma melodia bate calada no peito. Tem ritmo e letra própria e independe da sua voz para cantar. Ela simplesmente existe, está lá, batendo... às vezes baixo, outras mais alto. E na garganta, uma vontade de vomitar coisas que estão presas, que atrapalham o sono e tiram a fome, mas que de alguma forma acabamos recalcando. Só de pensar os olhos já ficam cheios de lágrimas. Sento na frente do computador para despejar as angústias em alguma página do Word.
É que de repente bate uma vontade de ir. Pegar umas moedas, deixar o celular em casa e só voltar três dias depois. Dar um tempo para a cabeça relaxar, espairecer... Se não fossem essas correntes que me prendem em lugares onde quero estar, quem sabe já não teria partido? Arrumado as malas e deixado o coração para trás. Partir é difícil. Sempre ficará alguém pra trás. Sempre restará uma mágoa. Sempre um coração partido.
Pego-me no MSN dando conselhos amorosos. É quase como me sentir cercado da minha hipocrisia. “Faça o que eu digo, não faça o que faço”. Há muito me questiono se só o amor basta. Ele (o amor) me responde que sim, o resto me diz que não. É mais uma das encruzilhadas que a vida prepara. Alguns me consideram sortudo, na verdade acho que a maioria me acha um cara de sorte. Não são todos que tem a sorte de encontrar a estabilidade na vida. Porém a que preço? Ao preço do tédio, do cansaço, do desgaste. Da perda de si mesmo.
Talvez eu tenha sede: de vida, de carinho, de afeto, de amigos, de saber, de esperança, de auto-estima, de voz, de melodia, de poemas. Talvez só me reste a fome: de resposta, de sonhos, de mim mesmo.
Talvez só me reste escrever.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Arteculando

Bom amigos, tenho uma boa e uma má notícia.
A má notícia é que hoje eu me despeço de vocês. Vou passar algum tempo sem escrever aqui no blog. Era para eu estar muito triste (assim como espero que vocês também estejam, hein! rsrs), mas não estou por causa da boa notícia.
Na verdade uma ótima notícia: Vou estar na próxima edição do Big Brother Brasil! Gente nem acredito!
Estava ontem na praia de Icaraí quando um dos olheiros veio até mim e propôs fazer um teste (1ª dúvida), lógico que fui...
Chegando lá, me deram uma ficha para preencher com meus dados e outra sobre minha personalidade, essa outra não vou enganar não, tinha cada pergunta cabeluda e indiscreta que até eu (repetindo: ATÉ EU) fiquei envergonhado.
Mas fui preenchendo, tomando cuidado com as respostas para passar uma boa impressão. Calma ae. Será que eu quero passar uma boa impressão? (2ª dúvida)
Não precisei indagar muito, uma das perguntas era muito específica:
Como você define sua personalidade? (pode marcar mais de um) Romântico, Encrenqueiro, Exotérico, ‘Normal’, Carente, ‘Pegador’, Homossexual assumido, ‘Curioso’...
Como assim? Será que isso faz diferença? (3ª dúvida)
Bom, melhor não arriscar: (X) Pegador (X) Encrenqueiro
Não sou pegador e encrenqueiro muito menos (E ai de quem disser que eu sou!), mas esses sempre se dão bem lá dentro. E outra, quem sabe eu ‘pego’ uma gostosona loira, separo e volto com ela, só para o público torcer e termos mais chance de chegar nas finais. Pensando bem, acho que as morenas são mais bem vistas... Não importa desde que eu consiga levar alguém pra debaixo do cobertor! Se der sorte, na edição colocam alguma imagem minha tomando banho pelado e na matéria do G1 sai: ‘... que bonitinho, já se sente tão a vontade na casa que até se esquece das câmeras...’, e os prêmios extras? Será que consigo ganhar um carrinho 0 Km de quebra?
Não que esse faça meu tipo, mas tantas pessoas já fizeram isso, porque eu não posso? Além do mais, são R$ 1 MILHÃO... Por essa grana faço até a linha ‘Cowboy’! E outra, publicidade grátis. Posso estar na próxima novela das 20h e até, quem sabe, no paparazzo. Está certo que a maioria das pessoas que sai da casa cai no esquecimento em menos de um ano,..., tá bom, em seis meses. Um mês? Duas semanas? Mas comigo vai ser diferente, a Helena do BBB1 não conseguiu? É... acho q não. E o Thiago do BBB4? Calma ae... acho q esse também não. Samantha do BBB3, o Gustavo da sexta edição, o Marcos da oitava? Não? Ninguém se lembra? Ai meu Deus... bom da ultima edição vocês se lembram de todos, não é? Emanuel, Leonardo, Maíra, Renato? Tinha algum Renato na casa?
Respira Rafael, respira... não entre em pânico, as pessoas vão lembrar de você, as pessoas não lembram da... é... como é mesmo o nome daquela menina... ah! Lembrei, Grazi Massafera, virou até apresentadora. E outras tantas celebridades, o... a..., calma ae q vou pesquisar no Google e já volto!
Voltei, ih gente, a apresentadora é a Iris Stefanelli, a Grazi é atriz, hunf atriz! E tem também aquela Juliana Alves que está no ‘Caminho das Índias’. STOP! Só mulher? Cadê os representantes da classe masculina? Bom, tem o Bam Bam. Huhsauhsahsu.
É leitores, vida de celebridade não é mole não... Na verdade acho que não passaria da segunda semana.
Mas só pelo fato de conhecer o Bial já compensa.
Vejo vocês no BBB10 e por favor, votem em mim...
Quero ver todos lá no dia do meu paredão, vestindo camisas padronizadas com minha foto e cartazes com frases do tipo: ‘Fiuzza é o melhor!’, ‘Seu nome é Fiuzza, não é bagunça!’ e ‘Deus ajuda quem vota no Fiuzza!’
Até mais...



Obs1: Não vou parar de escrever aqui.
Obs2: Não, eu não vou pro BBB.
Obs3: Vocês não estão malucos, realmente não tinha nenhum Renato no BBB9.

Espero que tenham gostado, bjs e téterça.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Conversa Fiada

“Meu amigo, volte logo, venha ensinar meu povo que o amor é importante, vem dizer tudo de novo”


Nunca gostei de missas – aquele senta-levanta não faz nenhum sentido para mim –; não fiz primeira comunhão; não pretendo casar na igreja. Mas respeito muito a religião alheia. Aliás, desde pequena vou à Aparecida do Norte quase todo ano acompanhando minha avó. Sob esse critério, sou mais católica do que muitos católicos por aí.
Sábado foi a missa de sétimo dia do meu avô. Mesmo não gostando, lá estava eu, claro. Cheguei em cima da hora, mas garanto que foi sem querer, e fui sentar-me ao lado de uma tia e do meu tio-avô. Assistíamos à missa e eu acompanhava, com muito respeito, todo o ritual – apenas não repetia as frases feitas (sem querer ser preconceituosa, mas não sei o nome que se dá a elas) que todo católico praticante sabe de cor e salteado. Depois de algumas músicas e da leitura de salmos, antes do momento da comunhão, o padre iniciou uma pregação sobre perseverança no bem. Foi aí que ele me perdeu.
Achei muito interessante o tema escolhido e concordo que falta a algumas pessoas agir com mais bondade. Mas o padre, coitado, foi muito infeliz em sua pregação. “Muitas pessoas desistem de esperar por Deus e se desvirtuam para o espiritismo, para a bruxaria...”
Pera lá! Mas então o espiritismo não é uma religião cristã?? Depois de quase dez anos de mocidade espírita descobri que venho sendo enganada! Toda aquela lorota de estudar o evangelho de Cristo segundo a ótica espírita e aquela conversa de “apenas fazer aos outros o que gostaríamos que fosse feito a nós” ou de que “fora da caridade não há salvação” foi uma completa perda de tempo. Que desilusão!
Mas, pensando bem, estudei em colégios católicos a vida inteira, já cansei de ir à catedral de Aparecida e às bênçãos de Santo Antônio (não, não estou à procura do meu príncipe encantado) e nunca escutei tamanho desrespeito de nenhum outro padre. Talvez, então, esta seja uma opinião pessoal do que celebrou a fatídica missa de sábado.
Minha vontade era de me retirar da igreja na hora, durante a pregação mesmo. Apenas não o fiz em consideração ao meu avô e à minha família. Mas confesso que agi em desacordo com aquilo que procuro seguir: ao contrário de continuar respeitando e acompanhando o ritual católico – assim como gostaria de receber tal respeito àquilo em que acredito –, passei o resto da missa sentada.
Durante as horas que se seguiram, pensei muito acerca das palavras que ouvi e gostaria de colocar para vocês a mesma pergunta que venho me fazendo: o que torna uma religião superior a outra?
Até onde sei, todas as religiões cristãs almejam a prática do bem. É aquela coisa de “fazer o bem sem olhar a quem”. Procurar seguir os princípios daquilo em que se acredita. Se você acredita que para conquistar o céu deve pagar o dízimo todo mês e simplesmente não fazer mal a ninguém, então que assim seja. Se para conquistar a redenção de seus pecados você deve ir ao confessionário, pagar suas penitências e tomar a hóstia todo domingo, então que seja feita a vossa vontade. Se crê que a meditação e o jejum são formas de alcançar a plenitude, que você assim o faça.
Para mim, qualquer religião, independente do deus em que se acredita; independente de ter danças, músicas e tambores; independente de exigir completa abstinência de tudo aquilo que é mundano; independente de tudo, se te levar a fazer o bem, a apenas amar o próximo e procurar seguir suas crenças no dia-a-dia, tá valendo.
No fundo, no fundo, o que anda faltando nesse mundo louco em que vivemos, não é fé. Fé o povo tem de sobra, seja em Deus, em Buda ou no Lula. O que falta é bondade. Se todos nos colocássemos no lugar do próximo antes de tomarmos qualquer atitude não haveria tantas guerras – pois saberíamos da dor das vítimas de nossas bombas –, não haveria tanta corrupção – pois pensaríamos no sofrimento das pessoas que padecem em filas de hospitais públicos –, não haveria tanta maldade. Apenas amor.
Portanto, meus amigos, em verdade vos digo que, de agora em diante, minha religião é a bondade.



--> Música da semana: Todos estão surdos - Fernanda Abreu (sim, sim, a música é do Roberto Carlos, eu sei)

sábado, 15 de agosto de 2009

Desresbunda

"Uma freira faz sinal para um táxi parar. Ela entra e o taxista não para de olhar para ela:
- Por que você me olha assim?
- Tenho uma coisa para lhe pedir, mas não quero que fique ofendida...
- Meu filho, sou freira há muito tempo e já vi e ouvi de tudo. Com certeza não há nada que você possa me dizer ou pedir que eu ache ofensivo.
- Sabe, é que eu sempre tive na cabeça uma fantasia de ser beijado na boca por uma freira...
- Bem, vamos ver o que é que eu posso fazer por você: primeiro, você tem que ser solteiro, corinthiano e também católico.
O taxista fica entusiasmado:
- Sim, sou solteiro, corinthiano desde criancinha e até sou católico também!
A freira olha pela janela do táxi e diz:
- Então, pare o carro ali na próxima travessa.
O carro para na travessa e a freira satisfaz a velha fantasia do taxista com um belo beijo na boca. Mas, quando continuam para o destino, o taxista começa a chorar:
- Meu filho - diz a freira - Porque é que está chorando?
- Perdoe-me Irmã, mas confesso que menti: sou casado, palmeirense e sou macumbeiro.
A freira conforta-o:
- Deixa pra lá. Estou a caminho de uma festa a fantasia, me chamo Dorival e torço pro São Paulo."
(Autoria desconhecida)




Piadinha mas que traz uma mensagem real... Às vezes as pessoas se julgam tão espertas que esquecem da possibilidade da esperteza alheia! Ahahahahaha... acontece!

Beijos, meus queridos e até a próxima semana!

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Calabresa Neles!

Um Funcionário público que visitava o Senado aproveitou a chance do destino e deu voz a nação brasileira, xingando o ainda presidente do Senado José Sarney que passava por ali (fato raro já que ele é um dos que mais faltam na casa). Este cidadão revoltado foi retirado por seguranças, quase preso e quase perdeu o cargo. O tal senador resolveu não prestar queixas (Por que será?). Coincidentemente, proibiram a entrada de visitantes no Senado. A desculpa: Gripe Suína. Isso devia ser a desculpa para eles voarem por aí em jatinhos particulares. (só não é essa a desculpa porque eles nem tem que justificar os gastos do luxo.)
Farra das passagens? Que nada eles têm direito mesmo! Além de todo o dinheiro que ganham (e roubam) eles têm uma série de direitos e benefícios que ninguém sequer fica sabendo.
Um desses representantes do povo “teve” que ir para a Europa por motivos de saúde. Aí você pensa na quantidade de pessoas que nem têm seguro saúde e nas filas do SuSs e depois pensa nesses iluminados seres que viajam às custas dos nossos bolsos. Bolsos estes que provavelmente jamais estarão na Europa. O dito cujo levou a filha junto (alegando muito medo da doença que poderia estar por vir). Não ele não teve que devolver o dinheiro e nem será investigado e ponto final.
Esse povo não tem nenhuma vergonha na cara mesmo, empresta celular pago com dinheiro público para a filha, dinheiro na cueca, acusações com o famoso “rabo preso”. E o povo, revoltadíssimo, esquece.
O queridinho Lula diz que o clima de denúncias não faz bem ao Senado. E muitos desses políticos culpam a imprensa. Virou uma bagunça mesmo: Todo mundo acusa os ex-melhores amigos e são acusados por eles, mas na hora da punição nada acontece.
Nem vou mencionar o Bismo Edir Macedo. Esses grandes vilões do momento (menciono com tristeza) são só gotas no mar.
Em Chicago, um homem ficou três semanas na cadeia por bocejar durante o julgamento de seu primo. Isso porque ele foi condenado à seis meses. Em Cingapura as pessoas são detidas por jogar chiclete nas ruas e até por se beijar em público.
Já aqui, nesse nosso amado país, acontecem coisas cotidianas como o arrastão no Túnel Santa Bárbara. Os policiais estavam passando pelo local e entraram a pé (heróis?), mas não conseguiram evitar a fuga (não era um túnel?). A melhor parte ainda está por vir. Os policiais que encontraram o veículo usado para o arrastão foram pegos em flagrante depenando o carro.
O que me lembra do caso da Engenheira “desaparecida”. Uma história cheia de coisas mal contadas e com muitas evidências de envolvimento policial. Os relatos das “novas” testemunhas do caso (que já completou um ano) foram tomados por policiais do mesmo batalhão daqueles quatro acusados. Que bom que podemos contar com nossos amigos fardados!
Cuidado pessoas revoltadas! Vejam o exemplo dos manifestantes presos no “Fora Sarney”. O problema deles foi só um: eles eram dez! Somos mais de 191 milhões de brasileiros! Confira o que disse um dos manifestantes - http://www.andredutra.com/2009/08/14/senado-federal-censura-ameaca-e-prisao-de-estudantes/ Sábado(15) é dia de protesto em todo o país! No Rio vai se às 14 horas no posto 6 de Copacabana. Não esqueçam máscara contra gripe Suína com desenho de nariz de palhaço!

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Prorrogação

Hoje teremos a volta dos que não foram...a justiça tarda mas não falha...o início de uma competição desvalorizada, já que os clubes cariocas não precisam disputar campeonato internacional nenhum, estão nadando em dinheiro, todos os salários estão em dia...tudo uma maravilha...os cariocas são os líderes do brasileirão, tanto na série A, quanto na série B. Éeeee, nada disso!!!Então, vou começar pela brilhante estréia dos times cariocas na Copa Sul-Americana. Ontem, foi dia de clássico, Fla x Flu. Eu falei brilhante? Desculpe, enganei-me...os dois times pouco se lixaram para a competição. As duas equipes escalaram jogadores reservas, em maior proporção no time Tricolor. A partida ficou num sem sal 0x0 e o Fluminense saiu na vantagem para o jogo de volta do dia 26-08, a equipe das laranjeiras poderá empatar com gols. Mas o que eu acho um absurdo é que, sendo uma competição que oferece aos clubes prestigio internacional, prëmios para as equipes que alcançam as fases seguintes, os dirigentes tratam a Copa sem o menor interesse, desvalorizam o jogo, diz" que não tem valor", joga com reservas, sem contar que o Maracanã, ontem, estava vazio...vocë acha isso legal??? Eu não acho isso legal!!!Só pra não passar em branco o que foi o jogo da seleção ontem?! Esse jogo foi para preparar o time brasileiro para o jogo contra a Argentina, no mës que vem...O Brasil venceu a fraca Seleção da Estönia por 1x0, num jogo difícil, violento, no qual vários jogadores saíram machucados, a Seleção Brasileira apesar de ter vencido a partida, saiu no prejuízo.O novo técnico do Botafogo, Estevam Soares, já começou a dar animo ao time alvi-negro. No treino de ontem, o novo técnico incendiou, fez com que os atletas treinassem por duas horas, sem parar...Estevam largou o time do Barueri, quinto colocado do Brasileirão, para treinar o Botafogo que não anda nada bem das pernas na competição...ele deve gostar de desafio. Será o Fogão agora vai?O Vasco continua sonhando com a primeira colocação da série B, a 2 rodadas do fim do turno, o time cruzmaltino já está com 32 pontos. Segundo o matemático Tristão Garcia, o time do técnico Dorival Jr, precisa somar 65 pontos para voltar a série A. Então, torcida vascaína, vamos cruzar os dedos que é possível...ser campeão da segunda divisão, até rimou (rs).Ö lelë, ö lala, o Romário vem aí e o bicho vai pegar!!! Por isso que disse, a volta dos que não foram...O ex-jogador ou agora de novo jogador, Romário, anunciou que vai voltar aos gramados pelo time do América. A equipe do Mecão disputa a série B do Carioca, competição essa que é líder "isolado", como os comentaristas gostam de dizer. O Baixinho disse em entrevista que só irá jogar 2 partidas, para realizar o sonho do seu pai. Mas, não posso deixar de comentar que é uma belíssima jogada de "MARKETING".Mudando de assunto: o todo poderoso da CBF, o Presidente de futebol, Ricardo Teixeira, depois de 15 anos foi finalmente condenado e terá os seus direitos políticos suspensos por 3 anos e não poderá firmar contrato com o Poder Público e receber benefícios ou incentivos fiscais. Ele foi condenado pela liberação das bagagens da Seleção brasileira após a Copa do Mundo de 1994. O caso ficou conhecido como "voo da muamba", na época a delegação do Brasil havia chegado ao país com 17 toneladas de bagagens...eletrodomésticos, equipamentos de choperia...entre outras coisas...por isso...a justiça tarda, mas não falha...pelo menos no mundo do futebol...
Ia falar de fórmula 1, mas estou com uma dor no pescoço igual a do Shumacher, se eu escrever mais de repente eu não consiga terminar o texto. (ahuhauha) O grande "Shumi" só ameaçou, e como diz a manchete de um jornal de esportes "Shumacher e a brochada do ano".
Bom é isso aí galera!!! Quinta que vem tö na área!!!

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Falando Sério

Quem decide o que você faz?
Estou em casa. Sentado na frente do computador. As palavras teimam em sair da cabeça e partir para o documento de texto aberto. Acender um cigarro parece uma boa idéia para facilitar o trabalho intelectual. Ops... Devo colocar as mãos para o céu e agradecer por estar em casa e poder acender meu cigarro. Já que foi aprovado ontem um projeto de lei que proíbe o fumo em locais fechados coletivos. Isso inclui os famosos fumódromos (áreas próprias para suprir o vício)
O projeto é de autoria do governador Sérgio Cabral e foi aprovado pela Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). O próximo passo, para que se vire lei, é a assinatura do governador do Estado. Alguém duvida que, sendo o autor o governador, essa lei demorará a ser assinada?
A ação, inspirada na lei aprovada em maio no Estado de São Paulo, prevê multa de R$ 3 mil a R$ 30 mil. Como fumante, porém cidadão, concordo que a proibição não é de toda loucura. Segundo dados do Ministério da Saúde, os gastos do sistema público de saúde com doenças ligadas ao tabagismo giram em torno de R$ 338 milhões. Porém, só em 2009, o governo arrecadou quase R$ 1 bilhão com impostos do cigarro. Pela conta ainda temos mais dinheiro para gastar com a nossa saúde, visto que 75% do valor de um maço de cigarro são tributos.
É fato que os não fumantes não devem sofrer pelos malefícios do cigarro, mas isso é uma questçai de bom senso e não o caso de se criar uma lei específica, sendo que tantos outros assuntos estão parados na Alerj.
Mas, já que a questão é o gasto com a saúde, porque o valor pago em tributos pelo maço não são inteiramente direcionados para a questão? Claro, vivemos em um país no qual os cidadãos pagam pela corrupção. É mais fácil então proibir. Se seguir a conta fica mais fácil.

- menos R$ 338 milhões gastos com problemas relacionados ao tabagismos = mais R$ 338 milhões para pagar os aumentos de salários de deputados, vereadores, senadores e toda a corja (generalizo, mas deixo claro que há exceções), além de castelos, favorecimentos a parentes, atos secretos e outras regalias.

Vivemos em um país maravilhoso. Com boas condições climáticas, água em abundância e uma arrecadação que deixa países de primeiro mundo com inveja. Porém, temos mais do que nos “orgulhar”. Também temos uma corrupção que deixa vários outros países para trás. Na Alemanha, a ministra da saúde, Ulla Schmidt, usou o carro oficial do governo em férias na Espanha e o carro foi roubado. A oposição e os cidadãos se revoltaram e exigem a devolução do dinheiro. Segundo a notícia do site Portugal Diário (http://diario.iol.pt/internacional/ministra-carro-alemanha-espanha-roubado-ferias/1078471-4073.html), “O dinheiro dos contribuintes não pode ser desperdiçado no conforto de uma ministra”. Brasileiros, tenhámos vergonha de permitir os feitos do nosso governo. Lá a ministra pode perder o cargo. No Brasil, o máximo que pode acontecer é um senador qualquer ter 10 denúncias arquivadas pelo conselho de ética.
Retomo a pergunta do início do post: Quem decide o que você faz? Já fizemos revolução, já pintamos a cara, já criamos sites, já publicamos posts... talvez seja hora de fazermos um pouco mais. Pelos fumantes, pelos gays, pelos negros, pelas mulheres, pelos deficientes, pelos sem-teto, pelos sem-terra, pelos sem escola, sem universidade, pelas 25 mil pessoas que morrem de fome todo dia no mundo, pela honestidade no governo. Por nós mesmos.
Visitem: http://www.forasarney.com/
E façam valer a pena.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Arteculando

Vou ser sincero com vocês: Fui muito relaxado esses dias e não pensei direito sobre a coluna dessa semana. Amigos leitores me desculpem!
Hoje, caminhando, decidi o assunto. Planejei os detalhes e organizei minha linha de raciocínio. Sentei, liguei o computador, acendi um cigarro, abri o nosso blog e li. Li, li, li... Uma das colunas que eu mais gosto, ‘Conversa fiada’, trouxe a tona um papo muito sério, um assunto que ainda é muito delicado pra mim e deve ser por isso que, lendo, não consegui segurar minhas lágrimas, na hora joguei tudo o que pensava pro alto. Abstrai. Mente quem diz que ‘Deus escreve certo por linhas tortas’, tudo o que Deus faz é perfeito: ‘Escreve certo por linhas certas’, nós que não sabemos ler o alfabeto d’Ele.
Ao invés de admirar o texto, comentá-lo e, emocionando-me, secar a indesejada lágrima, conter-me..., levei minhas lembranças há alguns meses. Perdi minha avó. A pessoa que eu mais amava, mais até do que a mim mesmo, não aguentei. Chorei. Não só de tristeza por minha amiga estar sofrendo, mas por identificação. Chorei tanto que Matheus precisou me lembrar de uma coisa fundamental: “Rafael, RESPIRA!”
Sei o quanto é difícil. Até hoje choro, é normal.
Sua foto ainda está na minha carteira, dentro da minha identidade, é a minha santa, minha protetora.
Ainda não consegui tirar seu nome do Orkut na parte: ‘cinco coisas sem as quais não consigo viver’...
Choro muito mais toda vez que passo pela sala e vejo suas coisas, no quarto seus perfumes e principalmente quando fecho os olhos e tento lembrar sua voz.
Lívia, hoje dedico minha coluna a você, é também uma homenagem a seu avô e a minha avó. Não acreditem quando te disserem que a dor vai passar, lorota. O que acontece é que nos acostumamos com ela e aos poucos não nos importamos mais. Ou melhor, fingimos não nos importar, damos lugar apenas à saudade.
Daqui a quatro semanas fará um ano que ela se foi. Sim, passou muito rápido, pelo menos pra mim e uma das coisas que me ajudou a ‘superar’, se assim minhas lágrimas e soluços me permitem chamar, foi um texto que escrevi.
Na verdade tenho surtos de inspiração quando estou muito triste, foi esse o caso.
Estava esperando seu aniversário de partida para postá-lo aqui mas, se me ajudou, poderá ajudá-la também.

COMO?
“Às vezes me pego pensando,
Lembrando, cantando, chorando,
Sentindo a falta que você faz.
Às vezes me pego sorrindo,
Recordando de momentos vividos,
Tentando imaginar que voltará.
Sei que não aqui, nem agora nem assim,
Mais dias ou menos dias e estaremos juntos enfim,
Numa grande festa como gostava.
Porque da injusta justiça?
Como fico? Como vivo?
Quem vai me esperar, quando tarde da noite eu chegar?
Como vai ser o Natal sem rabanada, bolinhos e sem você?
Como posso ser, se sou parte de você?
Às vezes me pego pensando quando não tem nada pra fazer,
E lembro dos domingos, deitado no teu colo vendo TV...
Como cozinhava e a casa arrumava,
E as palavras cruzadas que ficaram em branco.
Quem fará o chá de ressaca?
E quem rezará pedindo minha proteção?
E a promessa que só partiria depois de segurar um bisneto no colo?
Como fico? Como vivo?
Minha colcha de retalhos, quem vai terminar?
A bronca da nota baixa, quem vai me dar?
Mas sei que mais dias ou menos dias estaremos juntos enfim.
Como fico? Como vivo? Consigo?”
(Rafael Fiuzza - 17/11/08)
Estamos contigo. Conseguirá!

Espero que tenham gostado, bjs e téterça.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Conversa Fiada

“Que a vida é mesmo coisa muito frágil”

Meu avô nunca foi de muitas palavras. Até mesmo quando lhe pedia bênção ele era econômico. Diferente da minha avó, que, com muito orgulho, enche a boca para falar “Deus te abençoe, minha filha”, ele apenas abria a boca e balbuciava “...çoe...”. As vezes em que mais o vi falando foram as reuniões de natal e dia dos pais ou as vezes em que se irritava por algum motivo: por terem “descacetado” o aparelho da Sky, ou o aparelho de som mega-moderno – o qual, eu acho, ele nunca aprendeu a manusear direito –, ou quando eu e meus irmãos brigávamos ou brincávamos alguns decibéis acima da normalidade. No mais, se o deixássemos quieto, não seria ele a quebrar espontaneamente a paz e o silêncio pelos quais tanto prezava.
Foi desenhista de uma companhia de telefone; projetava as instalações telefônicas e a colocação de cabos em alguns lugares da cidade. Mas tenho para mim que, se pudesse ter sido pintor profissionalmente e ter passado mais tempo em casa com as filhas, seria plenamente satisfeito. Pintar sempre foi sua paixão. As paredes da casa de meus avós são um verdadeiro relicário de sua obra – belíssima, diga-se de passagem.
Acho que ele queria que um de seus netos enveredasse pelo caminho da arte também e eu até que tentei algumas vezes, sem sucesso. Uma coisa que tenho certeza é que ele queria ter um neto violinista e muitas vezes essa ideia me passou pela cabeça, mas, durante a juventude, a sensação que se tem de eternidade, assim como nos impele, nos impede de fazer inúmeras coisas. Essa foi uma delas.
Sempre tive um relacionamento muito próximo com meus avós. Quando me via à toa em casa – e isso acontecia com uma frequência espantosa durante minha adolescência – ia logo para a deles. Fazer o quê? Bater um papo com minha avó, jogar umas partidinhas de buraco, fazer palavras cruzadas – que, além dos doces, nunca faltaram – ou apenas sentar-me ao lado do meu avô para assistir, muda, à televisão.
Quando era pequena, adorava jogar bola com ele no quintal e acho que ele também curtia passar esse tempo comigo – crianças são um mundo à parte; fascinantes. Vira e mexe arriscávamos alguns chutes e depois íamos até a banca de jornal na esquina para comprar revistinhas da turma da Mônica. Na volta, parávamos na padaria do Virgílio para comprar picolés.
Lembro-me de um natal em que ele bebeu um pouco além do que deveria e ficou rindo à toa. Eu e minha prima nos divertimos vendo toda aquela felicidade de graça. Ele tinha um jeito muito peculiar de ser, mas mesmo assim sempre foi muito querido por todos, principalmente as amigas da minha avó, que não lhe poupavam elogios. “Seu Zé é um bonitão.”
Ele chamava meus irmãos de bacurau e a mim, de bacurinha. Até hoje não sei o que isso quer dizer. Sei que existe uma ave com esse nome que grita como uma mulher em perigo – é deveras assustador –, mas acho que não é esse o motivo do apelido carinhoso.
Infelizmente, com o passar do tempo, o corpo começa a mostrar toda sua fragilidade e a gente percebe, muito a contragosto, que a morte é realmente inevitável para todos. Pois se nem as estrelas são eternas, que dirá de nós.
Agora, o mesmo Zé bonitão que há pouco mais de dois meses atrás estava em cima de uma escada, com um pedaço de bambu na mão à procura de cocos maduros está em uma cama de hospital esperando, creio eu, o momento certo de partir sem causar muita dor. Impossível.
Vê-lo amarrado à cama, ou tentando – em vão – usar agora todas as palavras que economizou esses anos todos é mais doloroso do que qualquer perda. Meu coração está em pedaços; meus olhos, inchados. Minha cabeça dói e, por mais que eu tente tirá-la daquela UTI, ela insiste em voltar e lá permanecer.
Uma enorme sensação de impotência toma conta de mim e não sei se conseguirei ser forte para ajudar minha avó, minha mãe e minhas tias a passarem por essa fase. No momento, a única coisa na qual consigo pensar são os muitos “eu te amo” que deixei de falar por vergonha. Ou o último “feliz dia dos pais” que deixei de falar por fraqueza.


P.S.: No final das contas, ele conseguiu o que queria. Morreu em um momento em que estávamos todos distraídos ou dormindo. Um breve momento de descanso e distração em dois meses preocupantes e cansativos para todos. Principalmente para ele.


--> Feliz dia dos pais - atrasado - para todos os pais e avôs

--> Música da semana: Por onde andei - Nando Reis

sábado, 8 de agosto de 2009

Desresbunda

Certa vez ouvi algo do tipo “ele me iludiu, me enganou, porque só queria sexo”. Ah, por favor! Não é isso o que todo mundo faz o tempo todo? Forjar uma situação para conseguir algo? Para usar de um eufemismo, as pessoas sempre “adaptam” a personalidade de acordo com a situação que pleiteiam. Ou por acaso você chega em uma entrevista de emprego falando “E ae, mermão, como é que tu tá? Esse trampo é maneirasso, vééi!”. Não, né. Se você manda flores, tenta conquistar alguém com o intuito de namorar, aí é bonito, é permitido, mas se é pra dar umazinha, ixi, aí é feio pacas! Mas observem... os meios são os mesmos, o que muda são os fins.

Não quero entrar aqui neste mérito de certo/errado, primeiramente porque não é disso que quero falar aqui, é de algo maior e “segundamente” (só porque eu sei que vocês ADORAM o segundamente ahahaha) porque, pelo menos por hoje, quero evitar uma rebelião, estou saindo de uma suspeita de suína (pois é) e preciso manter minha integridade física ahahahha. Enfim, quero chegar aqui naquela velha máxima Maquiavélica de “os fins justificam os meios”, se o fim é considerado nobre, tudo é permitido, se não, nada é. Isso é absurdo.

Vejam só, certa vez uma conhecida minha (jamais revelarei que sou eu!) copiou a chave de um colégio que estudava para poder fugir (feio pacas!) e uns anos depois copiou a chave da casa de um cidadão que queria namorar (ok, invasão de domicílio é crime e não é nada bonito, mas soa mais suave do que copiar uma chave pra matar aula). Percebem como o mesmo ato se torna diferente de acordo com o fim a qual se destina? Que loucura! É aquela história de que vale tudo no amor e na guerra. Eu não sei, mas acho que olhar para os fins e não para os meios é no mínimo imediatista e inconseqüente. Eu quero isso e o que quero é tão nobre que posso fazer qualquer coisa por isso. Não dá pra ser assim, não é?! Até mesmo porque o nosso caminho é feito muito mais de meios do que de fins, então olhemos mais para o que fazemos e menos para os resultados (até mesmo porque na maioria das vezes não dá resultado kkkkkkk), porque é aí que está a tal plenitude. Fechando todos os atos neles mesmos, o que vier é lucro.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Calabresa Neles!

Começou a pizza do Bigode! As quatro primeiras representações contra Sarney já foram “arquivadas” sumariamente. O bate-boca desencadeado no Senado foi assistido sem a menor reação de um Sarney impassível e sem controle. O sininho tocou e a troca de gentilezas foi para longe dos microfones.
Decoro parlamentar? Sou uma mocinha muito educada para escrever a baixaria que aconteceu no Senado, então....
Dedo sujo??? De quem???
Para começar, qualquer notícia do nosso intocável presidente do Senado deveria vir com um quadrinho ao lado escrito: “A cada mês, você leitor, ajuda a pagar os 52 mil reais que vão legalmente dos cofres públicos aos cofres do Senhor Zezito aí que nos “representa”. Fora o resto, né!?”
Além do salário de senador, o peemedebista acumula duas aposentadorias, totalizando R$ 52 mil por mês; lei define que o máximo é R$ 24.500
Eu voto que a TVSenado seria muito melhor se tivesse um quadrinho em cima de cada pessoa dizendo o quanto ela ganha e quantos processos existem contra ela. Se não fosse trágico, seria cômico.
De um lado, o cangaceiro de terceira categoria, ex-presidente do Senado quase cassado, Renan Calheiros. Ele responde por enriquecimento ilícito, corrupção e notas fiscais frias. Ele renunciou e... tcharám voltou como se nada tivesse acontecido. Vocês lembram da pensão para a ex-mulher e do gado que não existia? Pelo menos rendeu uma Playboy para Dona Mônica. A mais feliz dessa história deve ter sido a filha deles! Essa deve usar muito dinheiro público em terapia!
Do outro lado, Tasso Jereissati que responde por denúncias de que teria usado parte das suas cotas de passagens para fretar jatinhos. Foi bonito o “é meu, é meu, é meu!” E ninguém tasca! Claro que não!
O que me leva a pensar... Será que a Galisteu e o resto dos Globais que viajaram com dinheiro público para uma festa pagaram por isso?? Todo mundo disse, para variar, que não sabia de nada. Alguém pagou? Será que esse dinheiro todo está fazendo falta em algum lugar?
Acho que não! Porque a Saúde está ótima, a Educação não tem como melhorar!
O Renanzito defendeu a permanência do Sarneyzito no cargo, mas acusou com toda ética que Deus lhe deu o tal do Arthur Vigílio que se acha menos culpado por ter assumido as lambanças que fez.
O melhor de tudo isso é que o “Vossa Excelência” já virou xingamento! Tudo fica muito mais engraçado de assistir quando as pessoas são obrigadas a mostrar um respeito inexistente. Dedos para cá, dedos para lá. Me respeite daqui, me respeite Dalí. Onde está o nosso respeito? Onde está o dedo do cidadão que paga por essa bagunça? Coronéis de M#*%@ somos nós que assistimos atônitos.
70% do Conselho de Ética é suspeito de irregularidades! O que diabos é ética?? Bom, segundo a minha faculdade não é se quer uma disciplina que precise de sala de aula, já que é uma das matérias online.
Mesmo assim, existem cenas que são impagáveis. Assistir o Sarney se explicando chegou a ser cômico! Triste ver que não vai dar em nada. Eis que ele aponta para a lista de acusações e diz “ – Eu não conheço nenhum Rodrigo Cruz! Ele devia ser funcionário da Roseane e as leis brasileiras não passam denúncias de filha para pai.” Neste momento (mágico) aparece na reportagem uma foto com Rodrigo Cruz e sua querida noiva e o padrinho de casamento José Sarney!
Daqui a alguns anos veremos essas pessoas se abraçando e jurando lealdade eterna! Igual o Lula e o Collor!
A gente?? Continua na mesma.
Enquanto as minorias estão com complexo de maioria. As maiorias fingem que não tem nada com isso.
Vem mais calabresa por aí! O presidente do Conselho de Ética, Paulo Duque tem até a meia-noite dessa sexta para analisar os outros sete pedidos de investigação contra Sarney. Fiquem de olho!
Outras notícias felizes e aleatórias que não poderiam faltar!
O twitter está fazendo uma ótima campanha para navalhar o bigode! Sigam @forasarney
Os jornais parecem estar fazendo campanha contra a Lei Seca. Todos divulgaram a notícia de que os twitteiros estão postando o local da bliz para que os outros possam evitá-la. Acontece que todos os jornais fizeram questão de divulgar o endereço da conta! Pode isso?
Nosso querido Bial é o mais novo contratado da Record! Pela mamata de nada menos que o prêmio do BBB. R$1.000.000,00. Isso mesmo! O povo da Fazenda deve estar ansioso, o Brito nem tanto. Em falar em BBB...
Além de comprar um espacinho no céu, os fiéis vão poder assistir ao Papa em cada minuto de suas férias. É o BBPapa. (rsrsr) O nome é meu, mas a notícia (acredite se quiser) é verdade. No site do vaticano, câmeras vão mostrar os momentos de descanso do nosso querido Papa.
O Yahoo se juntou com a Microsoft para fazer um buscador. O objetivo é concorrer com o Google. O nome é bem origiral e mostra que els tem um plano! (haha) "MicroHoo".
Nova York exporta sem-teto! O prefeito financia viagem de famílias inteiras para outros estados. Passagem só de ida! Imagina se a moda pega! Aqui, eles preferem praticar a ignorância (vide ato de ignorar).
O plano contra a gripe suína vai de vento em popa! Agora os torcedores são obrigados a usar máscaras!! Precisamos de um Outdoor “Podem se espancar, mas não deixem as máscaras caírem”. Como se eles não pegassem ônibus lotado para chegar até o estádio!
Bom, é isso galera!
Calabresa Neles!

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Prorrogação

Esporte um mundo á parte! Esta semana eu resolvi não dar muito crédito aos times cariocas, ao acidente do Felipe Massa ou a lipoaspiração do Ronaldo Fenömeno.
Por que?
Os times cariocas a cada rodada nos decepcionam mais...derrota atrás de derrota...
Ontem o Flamengo viajou até Goiás para perder por 3x2 para o time goiano. Já o Botafogo depois de sair na frente com um belíssimo gol de Lúcio Flávio perdeu de virada para o São Paulo. Com a lanterna na mão - á espera de um milagre - o Fluminense enfrenta hoje, o Sporte, no Maracanã. Disse que não ia falar, mas pronto... falei. Ah, faltou o Vasco que enfrenta o Campinense, lanterna da série B, neste sábado. E o atacante Aloisio Chulapa"grande contratação", provavelmente, ficará no banco.
Mudando de assunto o novo burburim da semana foi a lipo do Ronaldo, gente problema é dele se torneou a cintura ou definiu o abdome. O que que a gente tem a ver com isso??? Acho que ele tem é que marcar gol, gordo ou magro, fazer jus ao salário que lhe é pago.
Pelo menos com isso quase não ouvimos falar em Felipe Massa que finalmente chegou ao Brasil, na última segunda-feira, e se a "Globo" quiser não ouviremos falar nele por um bom tempo...
O esporte brasileiro também nos dá alegria através da natação com o Cásar Cielo, medalha de ouro nos 50 e 100 metros, o brasileiro fez história na Itália. O volei encanta a todos tanto no masculino quanto no feminino.
Mas, não vivemos só de conquistas, há três dias não se fala em outra coisa a não ser o doping dos 5 atletas que iriam disputar o Mundial de atletismo. Ontem o treinador da equipe, Jayme Netto, confessou ser o responsável pelo incidente com os atletas. O treinador disse em entrevista coletiva que "está decepcionado consigo mesmo" auhuahuha - cara de pau - ainda dividiu a culpa com o médico Pedro Jr. A substância que os atletas utilizaram é conhecida como EPO e foi injetada . Vergonha para o país e para o mundo do esporte.
Voltando a falar de futebol, vergonhoso é o que anda acontecendo em nossos gramados. As quatro linhas parecem mais um ringue de luta livre, os jogadores ou lutadores soltam socos e pontapés gratuitamente sem se preocupar, pois, raramente são punidos. Como não falar da arbitragem, erro atrás de erro, e nada acontece com eles. Os árbitros cometem erros absurdos, penaltis inexistentes, agressões ignoradas, tudo passa impune aos olhos do STJD - da CBF - que nada fazem. E esses camaradas continuam apitando por aí.
Ah, neste domingo terá Basquete Show, no Maracanãzinho. Leandrinho, Varejão, entre outras estrelas do nosso Basquete em quadra.

Alegrias, tristezas, o esporte nos proporciona diversas sensações!!! Viva ao esporte!

Bom, foi isso galera! Até quinta que vem...

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Falando Sério

Atchim!
Pronto. Agora sai todo mundo correndo e não continua a ler esse post! Não foi essa a minha intenção, tenham certeza. A brincadeira é para começar a falar sério sobre a gripe A. Cautela é necessário, histeria não.

Até às 18h57 de terça-feira, segundo notícia no site G1, 129 pessoas morreram em decorrência da nova gripe. Para começar, dê-se o nome ao boi. Boi não, porco: gripe suína. A síndrome gripal conhecida como Influenza A H1N1 é um vírus originário de dois outros vírus de porcos (uma recombinação genética da gripe suína norte-americana descoberta na década de 30 e da euro-asiática, conhecida em 1979). Amenizar o nome, não simplifica a doença (porém, vale lembrar que comer carne de porco não transmite a gripe).

Algumas informações são básicas para se discutir a nova pandemia.
- Existem mais de 200 vírus que podem dar gripe;
- Todo ano existem pequenas pandemias de gripe em todo mundo, principalmente no inverno;
- A gripe é uma doença respiratória aguda de alta transmissibilidade muito comum;
- Em 2002, 70 mil pessoas foram internadas com complicações de gripe. Em 2008, foram 25 mil. Esse dado é referente somente aos hospitais do SUS.

Como surgiu a gripe suína? Segundo Luiz Sérgio Keim (professor adjunto do Departamento de Medicina Clínica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense) todos os vírus da gripe tem como animal reservatório as aves aquáticas selvagens, como gansos, patos e marrecos. São animais com hábitos migratórios que, durante a viagem, param para se alimentar, normalmente em granjas de aves e porcos, onde há mais alimento disponível. Ao defecar, o vírus desses animais é transmitido aos animais domésticos e facilitam o contagio humano.
O vírus atual, conhecido como H1N1 (o mesmo tipo de vírus da gripe espanhola), é a mistura de dois outros vírus, que combinados em um terceiro animal passaram a ser transmitidos para os seres humanos. A teoria acima citada é de três pesquisadores das Universidades da Pensilvânia, Edimburgo e de Maryland. Outra característica do vírus é a presença de um genoma humano junto ao de genoma aviário e suíno.

Pouco se sabe sobre o novo vírus e suas repercussões. Tudo o que se tem é uma análise histórica de outras pandemias de síndromes gripais. No século XX, foram três grandes surtos: a gripe espanhola, a gripe asiática e a gripe de Hong Kong.

Para o mestre Luiz Keim, a gripe espanhola (que matou 40 milhões de pessoas em menos de um ano) teve três ondas epidêmicas. A primeira foi de maio a setembro de 1918, com casos brandos. De setembro a dezembro, os casos graves e as mortes foram registradas. Em um terceiro momento, em janeiro de 1919, os casos se tornaram brandos novamente, pois grande parte da população já havia contraído a doença e se imunizado.

A trajetória da gripe espanhola assusta os estudiosos e levanta a dúvida sobre a possível progressão da doença atual, porém tudo que se tem é preocupação. O Ministério da Saúde tem tomado providências consideradas corretas pelos médicos ao recomendar que se evite a ida ao hospital, a automedicação e trabalhar com a prevenção.

De acordo com as atuais recomendações do Ministério, só devem ser internados pacientes que apresentarem Síndrome Respiratória Aguda Grave e os outros casos deverão ser acompanhadas. São considerados sinais de alerta aqueles casos em que os pacientes sentem falta de ar e alteram a quantidade de vezes que respiram por minuto (em um adulto, por exemplo, o normal é 20 vezes), febre acima de 38º por mais de cinco dias, desidratação e queda no estado de consciência.

Para se prevenir, o correto é lavar regularmente as mãos com água e sabão e álcool 70%, a hidratação mantém as células da mucosa hidratadas e dificultam a multiplicação dos vírus. Além disso, uma boa alimentação é recomendada para essa e qualquer outra doença. O uso da máscara só é recomendado no caso de contato direto com um infectado, fora isso, no uso no dia a dia gera um ambiente favorável para a multiplicação do vírus. Evite ficar muito tempo em lugares fechados com aglomeração de pessoas.

Em anotações feitas pelo professor Keim, pode-se traçar comparativamente a taxa de mortalidade por Síndrome Gripal no período de 2002 a 2009 (sendo o ano atual analisado até o dia 31/07/2009)

Através do gráfico é fácil observar um pouco do pânico exacerbado. O número de óbitos no ano passado é 10 vezes maior do que o analisado até o dia 31 de julho deste ano. Porém, segundo estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS), dois bilhões de pessoas deverão pegar o vírus até o fim da pandemia. Até o momento ninguém sabe quantas pessoas já foram infectadas pela nova cepa e o número final nunca será conhecido, já que muitos casos são tão leves que podem passar despercebidos. De acordo com balanço da OMS, até o momento são 1.154 mortos. Além disso, 168 países de cinco continentes reportaram casos de gripe à organização.
Apesar dos números assustadores, vale mais a prevenção. Esclarecimento é o único remédio que não tem contra-indicação.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Arteculando

Na ultima terça-feira (28) minha tia-avó completou seus 90 aninhos... Uma debutante da melhor idade com direito a uma reuniãozinha com as amigas de infância... rsrsrsrs
Já podem imaginar no que deu não é? Além de alguns familiares, havia uma média de 5 amigas com um somatório de no mínimo 460 anos...
Até ai tudo bem, fui para o quarto com o intuito de dar mais privacidade e botarem o papo em dia... Não pude deixar de esquecer meu ouvido no cômodo ao lado (confesso! Adoro ouvir conversas alheias). Quase peguei o aparelho de surdes da minha queria tia, mas me contentei em sentar na ponta da cama, ao lado da porta.
Nossa, que experiência fantástica! Ouvir histórias que vão de narrativas das arriscadas aventuras de segurar a mão do namoradinho, até aquelas mais ousadas que iam para trás da igreja com o parceiro durante a missa “medo.com”, houve risos e depois um som que identifiquei ser algo semelhante a um nebolizador. Fiquei sabendo que há uns 75 anos elas tiveram uma professora de história, D. Edenilse HasketiAlgumacoisa, uma senhora muito simpática (adjetivo acrescentado por mim) que ensinava segurando uma régua de madeira de 50cm (acreditem quando eu digo que a intenção desse artefato não era apontar algo no quadro)... Pausa para a fofoca: ela tinha um caso extra-conjugal com o professor de física, mas não crio esperanças que essa notícia vá sair na próxima edição da revista Tititi.
Descobri também que aquilo que nossos pais sempre nos contavam sobre levar pão com mariola e uma paçoca de merenda era verdade e que a vida era mesmo mais difícil como eles sempre diziam.
Parecia um filme com momentos de suspense, aventura, comicidade e claro que ñ podia faltar o drama... O clímax foi recheado com as lembranças das outras amigas que não estavam mais entre elas...
- “Outro dia encontrei na rua o neto da Rutinha... nossa como ele está crescido (soluços) ela ia ter orgulho dele (soluços) virou adevogado!” (soluços e risos, os risos de minha parte, claro).

Bom, para essas senhoras uma homenagem, e para outros velhos de 20 e poucos anos lá vai um texto que eu gosto muito. Foi escrito por Affonso Romano de Sant’Anna em 1987.


Envelhecer: com mel ou fel?


Conheço muitas pessoas que estão envelhecendo mal. Desconfortavelmente. Com uma infelicidade crua na alma. Estão ficando velhas, mas não estão ficando sábias. Um rancor cobre-lhes a pele, a escrita e o gesto. São críticos azedos, aliás, estão ficando cítricos sem nenhuma doçura nas palavras. Estão amargos. Com fel nos olhos.

Envelhecer deveria ser como plainar. Como quem não sofre mais (tanto), com os inevitáveis atritos. Assim como a nave que sai do desgaste da atmosfera e vai entrando noutro astral, e vai silente, e vai gastando nenhum - quase combustível, flutuando como uma caravela no mar ou uma cápsula no cosmos. Os elefantes, por exemplo, envelhecem bem. E olha que é uma tarefa enorme. Não se queixam do peso dos anos, e nem da ruga do tempo, e , quando percebem a hora da morte, caminham pausadamente para um certo lugar - o cemitério dos elefantes, e aí morrem, completamente, com a grandeza existencial só aos sábios permitida.
Os vinhos envelhecem melhor ainda. Ficam ali nos limites de sua garrafa, na espessura de seu sabor, na adega do prazer. E vão envelhecendo e ganhando vida, envelhecendo e sendo amados, e, porque velhos, desejados. Os vinhos envelhecem densamente. E dão prazer.
O problema da velhice também se dá com certos instrumentos. Não me refiro aos que enferrujam pelos cantos, mas a um envelhecimento atuante como o da faca. Nela o corte diário dos dias a vai consumindo. E no entanto, ela continua afiadíssima, encaixando-se nas mãos da cozinheira como nenhuma outra faca nova.
Vai ver, a natureza deveria ter feito os homens envelhecerem diferente. Como as facas, digamos, por desgaste, sim, mas nunca desgastante. Seria uma suave solução: a gente devia ir se gastando, se gastando, se gastando até se evaporar. E aí iam perguntar: cadê fulano? E alguém diria: gastou-se foi vivendo, vivendo, e acabou. Acabou, é claro, sem nenhum gemido ou resmungo.
(..)
A literatura tem lá seus personagens-símbolos a esse respeito: o Fausto e Dorian Gray. Apavorados com a velhice e a morte, venderam a alma ao diabo, e em troca pediram a juventude de volta. Não deu certo. O diabo não joga para perder. Dizem que a única vez que foi realmente derrotado foi naquela disputa com o próprio Deus a respeito de Jó. Mesmo assim, deu um trabalho danado.
Especialistas vão dizer que envelhece mal o indivíduo que não realizou suas pulsões eróticas assenciais; que deixou coagulada ou oculta uma grande parte de seus desejos. Isto é verdade. Parcial porém. Pois não se sabe por que estranhos caminhos de sublimação, há pessoas que, embora roxas de levar tanta pancada da vida, têm, contudo, um arco-íris na alma.
Bilac dizia que a gente deveria aprender a envelhecer com as velhas árvores. Walt Whitman tem um poema onde vai dizendo: " Penso que podia viver com os animais que são plácidos e bastam-se a si mesmos".
Ainda agora tirei os olhos do papel e olhei a natureza em torno. Nunca vi o sol se queixar no entardecer. Nem a lua chorar quando amanhece.
(SANTANNA, Affonso R de. Coleção melhores crônicas. SP: Global 2003)


Espero que tenham gostado, bjs e téterça.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Conversa Fiada

"Case-se comigo antes que amanheça, antes que não pareça tão bom pedido"

Ah, o amor!
Quão prazerosa é a sensação de estar apaixonado! A paixão, essa... coisa(?). Essa palavra; esse substantivo arrebatador e indefinível.
É incrível como, apesar de ser clichê, o clichê não deixa de ser verdade. Apaixonar-se é perder o chão; é ver estrelas; sentir borboletinhas serelepes no estômago. É ruborizar; é perder o sono; perder a hora; perder o rumo.
Depois tem também, se você for um sujeito bem apessoado, bom de papo e com iniciativa - ou um sujeito de sorte -, o prazer do flerte. As indiretas, os olhares, os "desculpa, esbarrei na sua mão sem querer".
Há de se convir que não há sensação melhor que a do flerte.
...
Ok, exagero. Há de se convir que há poucas sensações melhores que a do flerte. Lá se vai o chão de novo e voltam as estrelas e as danadas das borboletinhas.
A conta do celular vem mais alta - a do cartão de crédito também -, os amigos são deixados um pouco de lado. Você se vê falando coisas que jamais havia falado - ou pensado em falar -, fazendo coisas que jamais havia feito - ou imaginado fazer - e indo a lugares onde jamais havia ido - ou pensado em ir um dia.
O lado bom é que, no final das contas, acaba valendo a pena. Ou não - e se esse for o seu caso, estamos na torcida por você. Mas, voltando às histórias com finais felizes.
Depois vem o início do relacionamento, que também é sempre perfeito, é como uma extensão da fase do flerte. Continuamos sem o chão, as borboletinhas seguem com seu voo (que, sim, perdeu o acento) desgovernado, a conta do celular continua alta e isso é a única coisa que não muda mais.
Aos poucos os rubores vão-se embora e os amigos voltam a ter lugar na sua agenda social. Mas a melhor novidade mesmo é o sexo, que é maravilhoso nessa fase. Ou não - e, se esse for o seu caso, sentimos muito por você.
Enfim, a intimidade aumenta; a confiança também. Os programas caseiros começam a surgir aqui e ali. Muitos planos são feitos. Algumas viagens também. As amizades se misturam. O tempo passa.
Eis que, um belo dia, você acorda e, ao levantar-se, põe o pé no chão. É, no chão, esse estraga-prazeres que há alguns meses atrás saiu de cena para dar lugar às estrelas e às borboletinhas - com as quais você até que já estava se acostumando.
Você tenta sentir as borboletinhas e procura as estrelas, mas no lugar delas encontra outro estraga-prazeres: a rotina.
E aí, então, as nuvens somem e as estrelas também; as borboletinhas vão voar em outro estômago e dos rubores já não se tem nem mais a lembrança. Os programas caseiros dominam a agenda e os amigos voltam a perder espaço. E o sexo. Ah, o sexo. Esse perde a cor, desbota e já é feito cada vez menos. Só a conta do celular continua ali, firme e forte.
Começam as brigas e desentendimentos e, quando se olha pra trás, dá uma vontade de voltar no tempo. O que antes era puro prazer desgastou-se e, apesar do sentimento, da estima, do carinho e do respeito mútuos, fugir da tal rotina se mostra tarefa das mais difíceis.
Quando o elo mais fraco dessa união ameaça se romper, o celular vibra, às quatro da manhã, uma mensagem: "independente de tudo, o que eu sinto por você nunca vai mudar; pensa no que quer fazer and let me know". Por alguns segundos uma borboletinha que andava perdida bate as asas e dá sinal de vida. O coração acelera e você lembra do primeiro olhar, do primeiro sorriso, do primeiro beijo.
Você pisa no chão, só pra testar. Ele ainda está duro. Mas você está mais forte e consegue pular mais alto. Olha pra cima e, veja só, as estrelas desceram um pouquinho pra facilitar. É um novo começo.
Ah, o amor!



--> Música da semana: Case-se comigo - Vanessa da Mata

sábado, 1 de agosto de 2009

Desresbunda

Uma leve neblina descia do céu. Ela acendeu um cigarro; quando estava mais ou menos na metade, ele chegou.

- Precisamos conversar, Melissa.
- Ah, Leonardo! Eu gastei com você um de meus melhores personagens. As pessoas são tão previsíveis. É engraçado quando elas reagem exatamente do jeito que você planejou acontecer. Mas até que você me surpreendeu, durou mais do que eu esperava.
- Foi tudo um jogo pra você, então?
- É errado eu ter o que quero fazendo você pensar que estou dando a você o que você quer?
- Ei, espere... cigarro?
- 8 anos. Vício maldito...
- Mas eu nunca vi v...
- Não, contraria a imagem da menininha indefesa, deslumbrada e apaixonada! – Melissa gargalhava enquanto tragava o cigarro lentamente – Você é do tipo mais comum e é exatamente por isso que gosto tanto de brincar com vocês... mas até que você tem talento, você é esperto, mas observa pouco, essa é sua falha.
- Você me usou?
- Só você que pode usar os outros, não é?
- Eu não te usei, eu só não sabia no que isso ia dar.
- Você foi difícil de afastar... eu tive até que escrever uma música... foi quando você se convenceu de que eu estava apaixonada, aí você teve que tomar uma posição... sentiu que a situação fugiu do seu controle – Melissa apagou o final do cigarro e ria enquanto procurava o isqueiro pra acender outro – mas, sabe, eu gostaria de ter me arrependido de ter jogado contigo, eu queria que você fugisse do padrão... porque até que você é bom de cama.
- Chega disso, Melissa. Vim conversar com você porque queria acertar nossa situação.
- Situação? Mas que situação? Nunca tivemos nada, Leonardo. Pensei que depois daquela última conversa que tivemos estivesse tudo resolvido pra você.
- Mas eu pensei que não estivesse pra você, eu pensei que, de repente, podíamos... ah, caramba! Você me enganou! Vai embora, Melissa, vai embora!
- Leonardo, estamos em uma praça pública. Eu não tenho que ir embora.

Leonardo olhou fixamente para Melissa que se manteve impávida. Depois de alguns segundos que mais pareciam horas, ele foi embora confuso. Então ela jogou o tempo todo com ele, logo ele, tão esperto, fora manipulado por Melissa, caiu direitinho no jogo dela, pra ela ele foi mais uma diversão. Mas ele não se importava, apesar de estar com o ego ferido, o pior era não sair mais com Melissa, principalmente agora que ele a vira tão sexy e perturbadora.

Melissa viu Leonardo se afastar, apagou o cigarro e vomitou de tanto tossir, nunca havia fumado na vida. Ela sentou em um banco próximo por um momento para acalmar os pensamentos. No fundo, tudo o que ela queria era que Leonardo visse nela algo além de sexo, ela ainda guardava em si todas as fantasias do mundo. Mas, apesar disso, ela queria ‘sair por cima’, vingada. Levantou calmamente e saiu dali como se nada tivesse acontecido, sorria pras pessoas com o mesmo brilho no olhar de sempre, era como se aquela dor já não pudesse mais a consumir, mesmo tendo passado tão pouco tempo. Ela aprendeu muito bem a guardar os sonhos e fantasias e a ser previamente cética. Há muito ela se tornou fria.




Texto tirado do fundo do baú pra introduzir o que vou falar na próxima semana, meios e fins. Para vocês, os fins justificam os meios? Se o objetivo é nobre, vale correr atrás a qualquer preço?