segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Conversa Fiada

"Case-se comigo antes que amanheça, antes que não pareça tão bom pedido"

Ah, o amor!
Quão prazerosa é a sensação de estar apaixonado! A paixão, essa... coisa(?). Essa palavra; esse substantivo arrebatador e indefinível.
É incrível como, apesar de ser clichê, o clichê não deixa de ser verdade. Apaixonar-se é perder o chão; é ver estrelas; sentir borboletinhas serelepes no estômago. É ruborizar; é perder o sono; perder a hora; perder o rumo.
Depois tem também, se você for um sujeito bem apessoado, bom de papo e com iniciativa - ou um sujeito de sorte -, o prazer do flerte. As indiretas, os olhares, os "desculpa, esbarrei na sua mão sem querer".
Há de se convir que não há sensação melhor que a do flerte.
...
Ok, exagero. Há de se convir que há poucas sensações melhores que a do flerte. Lá se vai o chão de novo e voltam as estrelas e as danadas das borboletinhas.
A conta do celular vem mais alta - a do cartão de crédito também -, os amigos são deixados um pouco de lado. Você se vê falando coisas que jamais havia falado - ou pensado em falar -, fazendo coisas que jamais havia feito - ou imaginado fazer - e indo a lugares onde jamais havia ido - ou pensado em ir um dia.
O lado bom é que, no final das contas, acaba valendo a pena. Ou não - e se esse for o seu caso, estamos na torcida por você. Mas, voltando às histórias com finais felizes.
Depois vem o início do relacionamento, que também é sempre perfeito, é como uma extensão da fase do flerte. Continuamos sem o chão, as borboletinhas seguem com seu voo (que, sim, perdeu o acento) desgovernado, a conta do celular continua alta e isso é a única coisa que não muda mais.
Aos poucos os rubores vão-se embora e os amigos voltam a ter lugar na sua agenda social. Mas a melhor novidade mesmo é o sexo, que é maravilhoso nessa fase. Ou não - e, se esse for o seu caso, sentimos muito por você.
Enfim, a intimidade aumenta; a confiança também. Os programas caseiros começam a surgir aqui e ali. Muitos planos são feitos. Algumas viagens também. As amizades se misturam. O tempo passa.
Eis que, um belo dia, você acorda e, ao levantar-se, põe o pé no chão. É, no chão, esse estraga-prazeres que há alguns meses atrás saiu de cena para dar lugar às estrelas e às borboletinhas - com as quais você até que já estava se acostumando.
Você tenta sentir as borboletinhas e procura as estrelas, mas no lugar delas encontra outro estraga-prazeres: a rotina.
E aí, então, as nuvens somem e as estrelas também; as borboletinhas vão voar em outro estômago e dos rubores já não se tem nem mais a lembrança. Os programas caseiros dominam a agenda e os amigos voltam a perder espaço. E o sexo. Ah, o sexo. Esse perde a cor, desbota e já é feito cada vez menos. Só a conta do celular continua ali, firme e forte.
Começam as brigas e desentendimentos e, quando se olha pra trás, dá uma vontade de voltar no tempo. O que antes era puro prazer desgastou-se e, apesar do sentimento, da estima, do carinho e do respeito mútuos, fugir da tal rotina se mostra tarefa das mais difíceis.
Quando o elo mais fraco dessa união ameaça se romper, o celular vibra, às quatro da manhã, uma mensagem: "independente de tudo, o que eu sinto por você nunca vai mudar; pensa no que quer fazer and let me know". Por alguns segundos uma borboletinha que andava perdida bate as asas e dá sinal de vida. O coração acelera e você lembra do primeiro olhar, do primeiro sorriso, do primeiro beijo.
Você pisa no chão, só pra testar. Ele ainda está duro. Mas você está mais forte e consegue pular mais alto. Olha pra cima e, veja só, as estrelas desceram um pouquinho pra facilitar. É um novo começo.
Ah, o amor!



--> Música da semana: Case-se comigo - Vanessa da Mata

4 comentários:

Gaio! disse...

Que coisa linda, Lívia!

Giulia Gomes disse...

vc me surpreende com a delicadeza...

"O lado bom é que, no final das contas, acaba valendo a pena. Ou não" - Why??? Why would u do dat?????? huahuhauhuahu

May Guimarães disse...

Amei esse texto... ele nos passa leveza...é sensivel...e a cada segunda me surpreendo mais pela sua sensibilidade em unir as palavras...
Parabéns!!!

Anônimo disse...

"E o sexo. Ah, o sexo. Esse perde a cor, desbota e já é feito cada vez menos. Só a conta do celular continua ali, firme e forte." bom saber! ¬¬ haha let it be, Lívia Pinho >:|