quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Falando Sério

E pronto!
Decidi que hoje não falarei sério. Afinal, com tanta sujeira que se lê todo dia nos jornais, que se vê na TV Senado... Quase coloco minha sobrinha para assistir quando ela está sonolenta, pois tudo parece mais estória para boi dormir. Mas, devido aos últimos bate-bocas fico meio inseguro de que ela cresça “obrando e andando” para as coisas. Ou então falando que nasceu com o saco roxo ou mandando uma amiguinha para aquele lugar. Dá medo só de pensar.
Mas, chega de falar nisso. Hoje eu decidi que vou brincar um pouco. Mudar de assunto, sair da rotina, variar, tirar a cara sisuda e rir um pouco da vida. Tentar olhar as coisas por outro ângulo e garantir um melhor aproveitamento da vida.
Putaquelamerda! Diria Roberto Carlos Ramos, aquele contador de histórias do filme “O contador de Histórias”. Aliás, uma boa dica de cinema, mas como essa não é minha área fica só um alerta.
E o Flamengo? Prefiro nem comentar. Não entendo nada de futebol, mas pelo pouco que sei de matemática, garanto que quatro é muito maior que um. O resto não falo porque não sei mesmo. E talvez nem queira saber.
Eu quero.. Bem, o que eu quero hoje é.. É.. Será que sei? Talvez só escrever e preencher algumas linhas enquanto uma música toca ao fundo e alguém olha pela janela buscando algo que não encontra na sala. Talvez o mundo esteja mudado? Ou talvez seja eu?
Há muito não me olhava no espelho, me via em retratos ou olhava mesmo para dentro de mim. Vejo alguém muito diferente de alguns anos atrás. Primeiro pela clara evolução da minha barriga que cresce uma curva de PG. Outra pela queda acentuada dos cabelos. E talvez por um pretenso mau gosto para me vestir.
Mas o que mais me incomodou foi olhar para dentro. Ver alguém muito diferente do que eu queria ser. Alguém sem aquela força para correr atrás, sempre na frente dos bois. Ver alguém sendo arrastado pela maré e deixando alguns pedaços de si pelo caminho. Alguém que o futuro mais longe que consegue enxergar é o três minutos antes do fim do comercial.
Às vezes uma melodia bate calada no peito. Tem ritmo e letra própria e independe da sua voz para cantar. Ela simplesmente existe, está lá, batendo... às vezes baixo, outras mais alto. E na garganta, uma vontade de vomitar coisas que estão presas, que atrapalham o sono e tiram a fome, mas que de alguma forma acabamos recalcando. Só de pensar os olhos já ficam cheios de lágrimas. Sento na frente do computador para despejar as angústias em alguma página do Word.
É que de repente bate uma vontade de ir. Pegar umas moedas, deixar o celular em casa e só voltar três dias depois. Dar um tempo para a cabeça relaxar, espairecer... Se não fossem essas correntes que me prendem em lugares onde quero estar, quem sabe já não teria partido? Arrumado as malas e deixado o coração para trás. Partir é difícil. Sempre ficará alguém pra trás. Sempre restará uma mágoa. Sempre um coração partido.
Pego-me no MSN dando conselhos amorosos. É quase como me sentir cercado da minha hipocrisia. “Faça o que eu digo, não faça o que faço”. Há muito me questiono se só o amor basta. Ele (o amor) me responde que sim, o resto me diz que não. É mais uma das encruzilhadas que a vida prepara. Alguns me consideram sortudo, na verdade acho que a maioria me acha um cara de sorte. Não são todos que tem a sorte de encontrar a estabilidade na vida. Porém a que preço? Ao preço do tédio, do cansaço, do desgaste. Da perda de si mesmo.
Talvez eu tenha sede: de vida, de carinho, de afeto, de amigos, de saber, de esperança, de auto-estima, de voz, de melodia, de poemas. Talvez só me reste a fome: de resposta, de sonhos, de mim mesmo.
Talvez só me reste escrever.

Um comentário:

Lívia Pinho disse...

ver alguém diferente quando se olha no espelho é uma consequência natural da passagem do tempo.
ver alguém diferente quando se olha pra dentro de si mesmo é a constatação mais dolorosa que alguém pode fazer. mas sempre é tempo de mudar...