segunda-feira, 31 de maio de 2010

Falando Sério

Às vezes é bom olhar no e-mail e encontrar coisas que nem lembrava. Hoje, achei uma crônica que compartilho com vocês.

Um conto quase de fadas

Era uma vez, como em todo conto de fadas que se preze, um belo príncipe. Um príncipe daqueles, filho de reis, dono de castelos e cavalos brancos, trajando uma armadura e carregando uma espada cravejada de brilhantes. Daqueles que passavam na rua e faziam com que as donzelas se jogassem no chão para que seu cavalo pudesse ter um trotar suave.

Era mais um príncipe em busca de sua Cinderela, Rapunzel, Bela Adormecida, Branca de Neve... Afinal, príncipe que é príncipe não se apaixona pela princesa, e sim pelo desafio de encontrá-la. De percorrer terras longínquas, lutar contra bruxas e maçãs envenenadas e correr do fogo do dragão para, em um ímpeto de coragem, cortar sua garganta e no fim da “festa”, ganhar um beijo da princesa. Pois bem, assim era nosso príncipe Henrique.

Há anos percorria diversos reinos, procurando saber de alguma princesa que tivesse sido seqüestrada ou envenenada por uma bruxa, mas não teve nenhum sucesso. Naquele início de noite o cansaço já lhe trazia desânimo, quando decidiu parar a busca e voltar para seu castelo. Mas esse não seria um fim de dia como os outros.

O castelo se encontrava a poucos metros quando encontrou uma bela dama se banhando no rio. A lua iluminava sua pele clara e os animais paravam a sua volta para ouvir seu canto. Encantado, Henrique deu sua busca por concluída. Ali estava sua princesa. A mulher que seria mãe de seus filhos, que esquentaria sua cama por todas as noites. Decidiu que não perderia a oportunidade, e que iria falar com ela. Pedi-la em casamento, levá-la para seu reino e apresentá-la a família.

-Hei, você aí? – Chamou ele. E a menina olhou assustada, encarando o príncipe.

-Chama-me senhor? – Seus olhos já não mais conseguiam olhá-lo nos olhos após ver sua coroa.

-Gostaria de ser minha esposa? De partilhar meus tesouros e minhas tristezas? De ser princesa?

-Meu príncipe... Não sou de família real. Sou apenas uma aldeã e jamais poderás me amar. Nosso amor é proibido.

-Já a amo desde que a vi. E não há nesse mundo dinheiro que possa nos impedir de ficar juntos.

-Há noites que me banho nesse rio esperando o senhor me notar. Já quase perdia a esperança, quando esta noite, ouvi os trotes do seu cavalo e resolvi tentar mais uma vez conquistar seu amor. E veja que Deus foi generoso comigo e deu-me o seu amor.

-Pois, então, o que esperas? Saia e venha comigo para o castelo. Vamos anunciar o casamento a todos do reino.

E assim foi. O príncipe casou-se com a plebéia apesar de protestos acerca de sua conquista tão fácil. Estaria ele desonrando as linhagens reais. Os primeiros dias do casamento foram formidáveis. Aquela era realmente a mulher de sua vida. Mas como todo casamento... A ex-plebéia apaixonada, era agora uma princesa insuportável. Suas crises de TPM deixavam o príncipe em um sofá frio, muito diferente da cama quente que imaginara. E todo dia uma nova dor de cabeça acometia a princesa. E os filhos não vieram. Até que finalmente a princesa pediu o divórcio. Levou metade dos bens do príncipe e desonrou seu nome fugindo com o cocheiro. E há quem diga que esse romance já precedia o casamento, e que a plebéia apenas dera um golpe do baú...

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