quarta-feira, 29 de julho de 2009

Falando Sério

Sempre gostei de blogs. Como estudante de jornalismo e como jovem dentro de um meio social sempre me fascinei pelas inúmeras possibilidades. É só escrever, apertar alguns botões e seu texto está disponível para todo mundo ler. As possibilidades são infinitas e a difusão de um pensamento é quase que momentânea.
Então, qual a melhor maneira de reclamar das tais “banalidades”- claro pois é tudo tão normal que já nos resignamos em não fazer nada - ? Joga na internet. A pior das hipóteses é ninguém ler e sua revolta ficar eternamente perdida no ciberespaço, até que, quem sabe em algum dia, uma alma caridosa encontre seu texto perdido e ele faça uma Revolução.

Moro em Niterói, estudo na Universidade Federal Fluminense. Todo dia saio da aula às 22h. Caminho um pedaço, pego o 49 ou 53 (dependendo do lado para onde desejo ir) e vou para casa. É uma rotina desgastante devido ao trânsito, a superlotação dos ônibus, o descaso das empresas com a falta de troco, um ou outro passageiro mal educado que insiste em impor seu estilo musical para todos os outros... É um festival de irregularidades em aproximadamente 30m². Se eu olhasse para fora então... Passaria o dia aqui escrevendo.

Não adianta: é só começar a escrever que lá vem um monte de coisas das quais gostaria de reclamar. Mas esse post é especial para uma: SEGURANÇA ou pelo menos da falta dela. Uma constatação é certa: o número de policiais lotados no 12º BP em Niterói não é suficiente para atender toda a população da cidade (quase 500 mil habitantes e aproximadamente 150 mil km² - 3.618,34 hab/km² para ser mais exato).

Em setembro do ano passado, a polícia militar da Cidade recebeu 72 novas viaturas do governo estadual, que permanecerão na cidade por 36 meses – tempo de duração do contrato. Eu vejo e vários amigos veem essas viaturas circulando na cidade, mas duas por vez e com um grande espaço de tempo até que passem novamente. Está mais do que claro que o policiamento não é suficiente.

Passeando pelos jornais da cidade, todo dia nos deparamos com notícias de assalto em cinco bairros principalmente: Boa Viagem, Ingá, Icaraí, Centro e São Domingos. Diariamente circulo por três desses bairros: Ingá, Icaraí e São Domingos. Na última sexta-feira, 15 de maio, seis alunos do IACS foram assaltados entre 16h e 17h. A coordenação do instituto chamou a polícia mais nada foi feito. No dia 19 saiu uma nota na carta dos leitores do jornal O FLUMINENSE. E ponto. Às 20h, a maioria dos professores liberou os alunos para que os mesmos pudessem ir para suas casas com o mínimo de segurança.

Em abril, o colunista Gilson Monteiro, do O GLOBO NITERÓI, anunciou uma reunião entre o comandante, da época, do 12º BPM de Niterói, coronel Elson Haubrichs e os vereadores de Niterói para esclarecer as medidas para o policiamento na cidade. A reunião foi realizada no gabinete da presidência, exclusiva para 18 vereadores e FECHADA para o público.

A reunião partiu do presidente da Câmera que disse para o colunista que os vereadores são cobrados diariamente pela população. Não era sem tempo, afinal a violência já virou tema “até em reuniões de condomínios”. Novamente segundo Gilson Monteiro, em nota no dia 20 de abril, o policiamento de Niterói terá um acréscimo de 125 recrutas para somarem-se aos 700 soldados para policiar até Maricá. Pelos cálculos, só pelos habitantes de Niterói seria um policial para cerca de 600 habitantes. Agora consideremos que o 12º é responsável por um número de pessoas ainda maior.

Na reunião, o tenente-coronel Haubrichs pediu que toda a população registre tudo na delegacia para que “a polícia possa fazer o mapeamento dos assaltos, crimes e furtos em cada bairro e trabalhar com uma logística adequada e inteligente”. Mas não é essa orientação que encontramos nas delegacias. A má vontade dos escrivões em registras os Relatórios de Ocorrência é gritante. Uma estudante da UFF, moradora da Visconde de Moraes, no Ingá, foi vítima desse descaso. É mais uma no meio de vários. C. conta que após ser assaltada perto de casa decidiu registrar ocorrência no plantão da 78º DP. “A polícia não faz nada, não resolve. O escrivão disse para mim e para uma amiga que também tinha sido assaltada, que deveríamos tocar fogo no casarão – para onde os assaltantes vão depois dos roubos -. Logo ele que é deveria ser a resposta da lei, nos apresentou uma opção fora da lei”, contou.

Para C., o que restou, além da lembrança do descaso da polícia, foi a sensação de insegurança que tem rodeado não só os que vivem em Niterói. “Eu senti que mais do que roubar meu celular, roubaram minha liberdade. Fiquei com muito medo e até hoje tenho receio de andar na rua. Penso duas vezes antes de fazer o caminho a pé até o centro”.

Como diria Regina Duarte em uma famosa propaganda política: “Tenho medo”. Nós também, Regina. Nós também. Medo de ir para casa, de trabalhar e até um certo medo de viver.

Não bastasse a pouca quantidade de policiais, o recém-empossado comandante do 12º BPM, de Niterói, o tenente-coronel Maurício Santos de Moraes ‘devolveu’, no dia 17 de julho, 148 policiais do 4º Comando de Policiamento de Área (Niterói). Os policiais realizavam serviços burocráticos, e, segundo o comandante, não terá influência no policiamento da cidade. Só resta agora saber quem desempenhará essa função.

O presidente da Câmara dos Vereadores de Niterói, Paulo Bagueira, pedirá o retorno dos policiais para a cidade. Enquanto isso não acontece a questão é esperar. Mas, por agora, só me resta dizer: MÃOS AO ALTO! ESSA POLÍTICA DE SEGURANÇA É UM ASSALTO!

4 comentários:

Gaio! disse...

Acontece muito no Gragoatá de liberarem a gente, que estuda à noite, mais cedo. A segurança daquele caminho niemeyer nem se fala, né!!!

A L I Á S disse...

A menina "C" é "C" de Clara. E Clara sou eu! rs...
Fui assaltada duas vezes na rua da minha casa. Fui à polícia e recebi um tratamento digno de pena. Tentamos mobilizar os síndicos dos prédios da rua mas nada ocorreu.
O fato é q muita gente reclama, mas pouca gente se move pra mudar alguma coisa.
E aí ficamos a mercê de uma polícia e de uma política q faz pouco, muito pouco.
Por enquanto, só me resta gastar dinheiro com taxi ou ônibus para fazer um trajeto que, a pé, eu demoro 5 min para fazer.

Wedis disse...

Pode ter pouco policial, ou sufiente, ou até muito, o fato é que eu vou continuar tendo medo deles. policial é a últuima pessoa que eu confio na vida. Parabéns pelo post.

Anônimo disse...

Obrigado por intiresnuyu iformatsiyu